Um casal foi preso, na tarde desta quinta-feira (11), suspeito de envenenar uma mulher e as duas filhas dela em Maragogipe, no recôncavo baiano. Ao saber das prisões, um grande número de moradores da cidade cercou a delegacia para pedir justiça. Os portões da unidade policial foram fechados.
Os presos foram identificados como Elisângela Almeida Oliveira e o marido Valci Boaventura Soares. Eles estavam em casa quando tiveram um mandado de prisão temporária cumprido. A polícia ainda não divulgou o que pode ter motivado o crime.
No entanto, as investigações apontam que o casal estava coagindo testemunhas para que não dessem informações, e destruindo provas que poderiam revelar o envolvimento deles nos crimes. O casal será ouvido na delegacia ainda na tarde desta quinta.
Conforme a Polícia Civil, as vítimas foram envenenadas com um inseticida de uso agrícola. Mãe e filhas morreram em um intervalo de 15 dias, entre o final de julho e o início de agosto, após apresentarem mal-estar com sintomas parecidos. O cachorro de estimação das vítimas também morreu. O pai das meninas é o único sobrevivente da família.
A primeira morte registrada foi a de Greicy Kelly, 5 anos, no dia 30 de julho. A menina chegou a ser levada para um hospital na cidade de São Félix, ao lado de Maragogipe, mas não resistiu.
Em seguida, no dia 6 de agosto, a irmã dela, Ruth Santos da Conceição, de 2 anos, também passou mal. No dia 13 de agosto, a mãe das meninas, Adriane Ribeiro Santana Santos, também teve um mal-estar. As duas foram levadas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Maragogipe, mas também não resistiram.
O pai das crianças, identificado como Jeferson Brandão, já foi ouvido pela polícia. De acordo com o delegado Marcos Veloso, o homem estava abalado e negou envolvimento nas mortes.
A Polícia Civil investiga se um líquido e um chocolate podem ter provocado a morte das vítimas. O material foi encontrado na casa da família e passou por testes. Os laudos ainda não ficaram prontos.
No dia 27 de agosto, a Justiça autorizou o pedido de exumação do corpo da menina de 5 anos, que foi realizado no dia 5 de setembro pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT). A irmã dela e a mãe, também tiveram os materiais analisados.
Como ela foi a primeira a morrer, o caso dela foi classificado como morte natural. Só após o óbito da irmã e da mãe foi que a polícia passou a suspeitar de envenenamento.
Inicialmente, a polícia tinha divulgado apenas a exumação de Greicy Kelly. No entanto, durante a realização do procedimento, o delegado Marcos Veloso, responsável pela investigação, informou que a irmã da menina, Ruth Santos da Conceição, de 2 anos, e a mãe Adriane Ribeiro Santana Santos, também seriam exumada.
O procedimento foi realizado no Cemitério de Nagé, povoado de Maragogipe, onde a família foi enterrada. Não foi preciso fazer a remoção dos corpos. Os técnicos colheram amostras no local e levaram para análise. Os resultados também não ficaram prontos.
Sete pessoas, entre parentes e conhecidos das vítimas, foram ouvidas na delegacia de Maragogipe, numa acareação realizada em 21 de setembro. Os convocados prestaram depoimento juntos, ao delegado Marcos Veloso, titular da cidade. O conteúdo dos depoimentos não foi divulgado. Fonte: g1