Apenas a chapa da direção atual está inscrita

No final deste mês de maio acontecerão as eleições do Sindicato dos Rodoviários de Vitória da Conquista, mesmo período em que, de acordo com o anunciado pela Viação Cidade Verde, cerca de 330 funcionários serão demitidos. O atual presidente do sindicato Álvaro Souza, que será reeleito, afirmou que está apenas cumprindo o estatuto. No entanto, de acordo com o que o mesmo explica, a votação poderia acontecer até Outubro deste ano.

Em entrevista ao Blog do Sena, Álvaro diz que talvez possa ser até “incoerente” a realização de eleições em meio às demissões em massa dos rodoviários, mas ele está apenas cumprindo o estatuto. “Para mim não seria beneficente ser agora as eleições, mas como diz a lei, cumpre-se o estatuto”, disse. “Ele foi modificado por determinação judicial em 2017, e as eleições tem que ser realizadas agora (…)Os ex-diretores que hoje dizem que não é viável não questionaram antes”, completou.

A última eleição realizada foi no mês de outubro de 2016. “Antes era em outubro, com a reforma do estatuto foi mudada a data para ser no prazo de 180 dias antes do final do mandato. Pode ser feita qualquer dia antes dentro deste prazo máximo. Realizamos no prazo que consta”. Logo, pode-se concluir que, apesar da justificativa do presidente, a eleição poderia sim ser realizada mais adiante.

Chapa única- Álvaro alega que houve ampla divulgação para inscrições de chapas, no entanto não houve outros interessados. “A nossa intenção, pela divulgação ampla, era ter até 5 chapas inscritas. Mas fomos surpreendidos por ninguém nos procurar”. O presidente acredita que isto demonstra a satisfação da categoria com o sindicato. “Se não quiserem é porque estão satisfeitos com a atual direção. Não tem a intenção de lançar uma concorrência, uma vez que eles estão satisfeitos com o trabalho que o sindicato vem realizando”, disse.

Na manhã desta terça-feira (7), o Blog do Sena conversou com também com Francisco Grandim, motorista Viação Cidade Verde que vem ganhando espaço nas redes sociais devido ao seu forte posicionamento em defesa da manutenção dos empregos e na regulamentação do transporte alternativo. Na oportunidade, Francisco chegou a dizer que “os rodoviários estão sozinhos”. “Nem sindicato temos por nós, nem o sindicato que era para estar nos defendendo”, disse.

Questionado sobre as eleições do Sindicato, Grandim afirmou que a classe não foi comunicada. “Nem ao meu conhecimento, nem ao conhecimento dos meus colegas. Até hoje ninguém está sabendo disso”, se espantou. “Como vamos ter uma reeleição, se não tem chapa é reeleição, e ninguém ficou sabendo?”, indagou.

Confira entrevista com Álvaro Dias:

“A Cidade Verde encontra-se em um estado crítico devido a política da prefeitura que está implantada na cidade”

Francisco Grandim é motorista da Viação Cidade Verde e pode ser um dos 330 funcionários que serão demitidos no dia 31 de maio, data em que a empresa deixará de operar o lote 1 (assumido de forma emergencial após falência da Vitória). O motorista vem ganhando espaço nas redes sociais com seu forte posicionamento cobrando a regulamentação do transporte alternativo e manutenção dos empregos dos rodoviários. O Blog do Sena entrevistou Francisco que, em nome dos demais colegas, contou sobre o clima de temor e pânico entre os funcionários. Ele aponta a prefeitura como responsável pela crise no transporte público.

Sem rodeios, Francisco vai direito ao ponto:

“O transporte público está falido porque as vans estão circulando livremente”

O motorista frisa que Herzem Gusmão não está cumprido com sua palavra. “Ele disse que ia regulamentar as vans, na campanha política dele, coisa que ele não tem feito. Já estamos no terceiro ano de mandato, e cada dia que passa as vans estão tomando mais espaço na cidade”, lembrou.

Ele defende a Cidade Verde. “Uma empresa que investe R$ 4 milhões para trazer 70 ônibus para uma frota emergencial não pode ser chamada de irresponsável”, disse.

A culpa é da prefeitura– Francisco conta que atualmente, no geral, a Cidade Verde só está transportando passageiros com gratuidade ou meia passagem. “Hoje nós estamos com 53% a menos de passageiros comparado a gestão anterior”, completou. O motorista frisa o responsável pela crise do transporte:

“Na gestão anterior não estava assim. Sinceramente, eu só posso atribuir a culpa à gestão atual. A gestão não fez e não está fazendo nada”

Demissões em massa – Devido aos prejuízos causados pela atuação do transporte clandestino, a Cidade Verde anunciou que deixará, no dia 31 de maio, de operar o lote emergencial. Com isso, cerca de 330 funcionários serão demitidos. Segundo Francisco, o clima é medo e apreensão na empresa.

“Não sabemos o dia de amanhã. Ninguém pode fazer uma compra, trocar um guarda-roupa, pagar um curso a mais porque não sabemos se vamos ter o dinheiro para pagar. Não sabemos até quando vamos trabalhar”

Confira entrevista completa: