Disputada por duas igrejas evangélicas, ela tem estudado versículos da Bíblia sobre arrependimento; pretensão de carreira religiosa esbarra em teste que a define como ‘manipuladora e dissimulada’
No dia 10 de outubro, Suzane von Richthofen deixou o presídio de Tremembé por um período de sete dias, a chamada “saidinha”, permitida em alguns feriados do ano.
A reportagem de ÉPOCA acompanhou os passos dela por três dias. Ela seguiu para o município de Angatuba, onde mora o noivo, Rogério Olberg.
Para não ser reconhecida na rua, recorre a um disfarce. Amarra os cabelos compridos e coloca uma peruca chanel de fios pretos. Quando perguntam como se chama, ela responde: “Louise”, seu segundo nome de batismo.
Von Richthofen vai à praça central de Angatuba, toma sorvete, passeia pelas ruas e faz compras no mercadinho.
O disfarce só é deixado de lado à noite, quando frequenta os cultos da Igreja do Evangelho Quadrangular Central, onde é tratada como celebridade e chamada para tirar selfies com os fiéis.
Durante a saidinha do Dia das Mães, em maio, subiu ao púlpito e deu um testemunho de 30 minutos sobre arrependimento. Sem entrar em detalhes sobre o crime, contou que matou os próprios pais porque foi seduzida pelo “Diabo”.
Na cadeia, Von Richthofen costuma ler a Bíblia para decorar passagens sobre arrependimento e perdão.
Além da Quadrangular Central, ela costuma ir à Comunidade Moriá, uma igreja de Taubaté com presença nas penitenciárias de Tremembé.
Ela tem dito que quer ser pastora. Segundo relatos do pastor Euclides Vieira, pretende começar sua carreira religiosa como missionária para só depois fazer pregações.
Von Richthofen pode até ter tentado a redenção no campo divino, mas sua fé não convence a Justiça terrena. A criminosa não consegue autorização para cumprir o restante da sentença de 39 anos em liberdade.
Submetida a um teste de suas funções psíquicas, ela foi classificada como “vazia, infantilizada, manipuladora, desvalorizadora do ser humano, dissimulada e egocêntrica”.
Fonte: Época