Um dos principais problemas de saúde pública em Vitória da Conquista é a situação dos animais de rua. De acordo com levantamento feito por ativistas, em 2021 já existiam mais de 10 mil animais abandonados na cidade. No final do mês de março deste ano, a Prefeita Sheila Lemos (UB) anunciou que Conquista terá um Castramóvel Público. E, além desta medida, aguarda-se o início das atividades do Centro de Apoio à Saúde Animal (CASA). Apesar das duas iniciativas representarem avanços, o protetor e ativista Vitor Quadros, em entrevista ao Blog do Sena, apontou a falta de diálogo da gestão municipal que, de acordo com o mesmo, poderá gerar problemas futuros.
Vitor destaca que a melhor escolha seria primeiro a atuação do Castramóvel para depois a criação do Centro de Apoio. “Não é só minha opinião, como também de pós doutores da área. O primeiro equipamento deveria ser o castramóvel. Mas infelizmente a gestão não gosta do diálogo, principalmente se tratando de políticas públicas de controle da população de animais abandonados, animais de rua”, pontuou. “De imediato deveria ser o castramóvel porque, por vezes, a pessoa de baixa renda não tem o dinheiro para se locomover, quanto mais para fazer isso com o seu animal. O equipamento estaria circulando por toda cidade, inclusive zona rural”, explica.
O ativista também aponta problemas com o local escolhido para o funcionamento do CASA .”A clínica, após dois anos de atraso, desperdiçando mais de R$ 80 mil só de aluguel e R$ 45 mil de reforma, vai funcionar, mas olha o grande problema: É o único equipamento público da cidade. Está em um local central, que é a Avenida Brumado. Então, ali vai se tornar o principal ponto de abandono. O cidadão comum vai fazer uma conta: aqui tem o atendimento e possivelmente o animal não vai passar fome porque fica próximo da Feira do Bairro Brasil. Imagina o quê vai virar aquela região”, frisou.
O compromisso da Gestão Municipal era inaugurar o Centro de Apoio à Saúde Animal em fevereiro de 2022, para oferecer gratuitamente atendimento médico- veterinário aos animais de estimação de famílias de baixa renda, além da principal demanda: a de castração. No entanto, o início das atividades do Centro, apesar da regulamentação e contratação dos profissionais, ainda não começaram de fato. O imóvel foi alugado em dezembro de 2020. Com contrato de três anos, o valor mensal do aluguel foi de R$ 3.517 nos seis primeiros meses, passando para R$ 4.017 meses seguintes.
“A castração é apenas parte da política pública”-, destaca Vitor Quadros ao explicar que é necessário também que a causa animal faça parte do plano municipal de saúde, ponto já conquistado pelos protetores conquistenses; e a criação do Conselho Municipal de Proteção Animal. “Mas abro um parêntese sobre isso. Será que vale a pena ter um Conselho, quando você procura a gestão e uma diretora da vigilância sanitária ambiental diz que não pode levar à prefeita uma solicitação para nomeação de um coordenador de Bem-Estar Animal?”, indagou.
Centro de Zoonoses – Apesar do CASA e Castramóvel serem medidas que podem amenizar o problema de superpopulação de animais abandonados, os ativistas frisam que estas não substituem a necessidade da criação do Centro de Zoonoses em Conquista. Porém, a Prefeita Sheila Lemos parece não concordar com tal opinião. Em meados do ano passado, 2022, a gestora chegou afirmar que “Conquista não precisa de um Centro de Zoonoses, precisa de um abrigo”. Durante a entrevista ao Blog, Vitor também comentou sobre o posicionamento de Sheila:
“Eu não sei se é falta de assessoramento ou é só por ignorância. Vitória da Conquista é a única cidade do Brasil com quase 400 mil habitantes que não tem Centro de Zoonoses. E isso por uma negligência, não só do Governo Sheila, mas também das gestões anteriores”, disparou. “Mesmo que seja um abrigo mantido por alguma associação, mesmo assim a prefeita não mandou até hoje para Câmara um projeto de liberação de terreno para alguma associação fazer esse trabalho. Trabalho que é do poder público. Controle de Zoonoses, controle de animais abandonados é obrigação e dever do poder público”, frisou.
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