Blog de Giorlando Lima
Um grupo de mulheres que acusam o médico Orcione Júnior de assédio sexual durante consultas e exames compareceu na tarde desta terça-feira à Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) de Vitória da Conquista. Elas foram ouvidas pela delegada Dercimária Cardoso Gonçalves, na presença da advogada Andressa Gusmão, e reafirmaram as denúncias que vêm fazendo por meio do perfil @diganaovca, no Instagram.
Segunda, 13 24 mulheres procuraram a OAB e pediram o apoio da entidade que decidiu acolher o pleito e colocou as comissões de Defesa do Dieito da Mulher e da Mulher Advogada para oferecer apoio técnico-jurídico para as denunciantes, ao tempo em que oficiou ao Ministério Público e à Polícia Civil pela adoção de providências, considerando que o caso tem relevante interesse social.
Ontem, segundo a advogada, algumas das vítimas registraram a ocorrência, prestaram depoimento e as providências já estão sendo tomadas. Os depoimentos estão sendo colhidos individualmente, mas em alguns casos, várias vítimas foram ouvidas ao mesmo tempo por diferentes serventuárias da DEAM, de acordo com a advogada Andressa Gusmão, por isso ela não pôde informar o número exato de mulheres ouvidas hoje. “Mas, estão sendo agendados os depoimentos da várias vítimas que estiveram presentes na reunião de ontem [na OAB]”.
Andressa Gusmão informou que, “num primeiro momento serão ouvidas as vítimas” e que a partir do momento que citam alguma testemunha esta também será ouvida. A mulher que deu início às denúncias ainda não foi ouvida e ainda não se identificou, mas, segundo a advogada, ela vai comparecer, registrar ocorrência e prestar depoimento, “sem, no entanto ser identificada como sendo especificamente quem criou o Instagram e fez a primeira denúncia. Isso para preservação e proteção pessoal. Mas ela, assim como as outras, deseja a apuração dos fatos e demais consequências legais”.
A primeira mulher que denunciou nas redes sociais, como as demais, deverão ser identificadas na denúncia a ser formulada pelo Ministério Público. A ação do MP dá ensejo à propositura do processo penal, após a conclusão da fase investigatória e ouvidas em juízo. A identificação não será “especificamente, de uma delas”.
CONVICÇÃO
Enquanto o advogado de defesa diz que o médico tem sido vítima de uma armação, com o intuito de prejudicá-lo, Andressa Gusmão conta que “as vítimas narram, isoladamente, com riqueza de detalhes, o que passaram e os traumas decorrentes disso”. Ela diz confiar no trabalho da DEAM na apuração dos fatos e que a justiça será feita. “Sabemos que nada irá apagar o horror que viveram, mas é muito importante que seja devidamente investigado e que, se a justiça considerar o acusado culpado, que ele responda dentro das penas previstas na lei”, pontificou a advogada.
Para ela, é importante ressaltar que há uma pluralidade enorme de vítimas e que nenhuma delas se conhecia anteriormente. “Não há qualquer motivo para uma ‘armação coletiva’ Essas vítimas estão em sofrimento e o simples fato de terem que relatar detalhadamente o que viveram, as leva de volta ao momento traumático e as fragiliza ainda mais, porém elas sabem da necessidade de denunciar o que sofreram pra que haja uma providência por parte das autoridades competentes e até mesmo para proteger outras mulheres que poderiam vir a se tornar vítimas também”.
Andressa Gusmão relata que todas as mulheres que se apresentaram como vítimas, até o momento, foram informadas das consequências legais de uma denúncia falsa, “e a comoção e o sofrimento que demonstraram ao relatar ou encontrar outra vítima, é genuíno”.