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Mãe de menina morta com tiro nas costas desabafa: ‘O que a gente mais temia aconteceu’

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Os pais da menina Ágatha Félix, que morreu após ser atingida com um tiro nas costas, no Rio de Janeiro, falaram pela primeira vez sobre a perda na manhã desta terça-feira (24). Os dois participaram do programa Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo.

“O que eu mais temia, o que a gente mais se escondia para não acontecer, aconteceu”, declarou a mãe da menina, Vanessa Sales Félix. “A gente se escondia no box do banheiro. Tiveram duas vezes que a gente foi para o box, eu peguei o edredom e o travesseiro. Nessas duas vezes, a gente deitou no box e um helicóptero sobrevoando e aquele ‘trá, trá, trá’. Fiquei com ela e o meu marido, dormimos no banheiro, tomamos café dentro do banheiro”, relatou.

A declaração de Vanessa ocorre dois dias após o enterro de sua filha, morta na madrugada de sábado (21) após ter sido atingida por uma bala disparada pela Polícia Militar do Rio. De acordo com a corporação, agentes da UPP Fazendinha, no Complexo do Alemão, foram alvo de ataques de traficantes, na noite de sexta (20), e revidaram. Neste contexto, militares que estavam em uma esquina da localidade conhecida como “Estofador” desconfiaram de algumas pessoas em uma moto e atiraram. Um dos tiros atingiu Ágatha, que estava dentro de uma kombi.

Vanessa estava com a menina quando tudo aconteceu. “Minha filha, minha pequena, minha perfeita, naquele dia juntas, como sempre, indo pra casa, ela no meu colo, pesada, ela era pesada. Subimos na kombi, chegando num certo local, muitas pessoas, quase todos desceram. Só ficou um rapaz na kombi. Quando todos desceram, eu coloquei ela do meu lado. Ouvi um barulho muito forte e ela chamando ‘mãe, mãe, mãe, mãe’ e eu ‘calma, filha, já passou'”, lembrou Vanessa, emocionada.

“A gente se abaixou para poder sair porque ficamos muito assustados. Eu já não conseguia puxar ela porque ela já não conseguia se movimentar. Eu disse “calma, filha, mamãe tá aqui”. Aí eu percebi que ela levou um tiro”, acrescentou. 

Vanessa nega que isso tenha ocorrido em meio a um confronto entre criminosos e agentes do estado. Segundo ela, houve só “um bum”. O mesmo foi repetido pelo pai de Ágatha, Adegilson Lima. “Nesse dia, não tinha nada. Não estava acontecendo nada. Eu trabalho perto. Não tinha nada”, frisou o pai (saiba mais aqui).

Mas antes mesmo desse episódio fatal, o clima de insegurança já pairava sobre a vida da menina. Vanessa lembra que a filha chegou a ficar sem aula e também foi impedida de ir ao balé e ao xadrez por conta dos recorrentes tiroteios entre traficantes e militares na comunidade.


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