Em pronunciamento durante a sessão da Câmara Municipal da última sexta-feira (16), o vereador Luciano Gomes (PCdoB) defendeu a retomada da administração do Hospital Municipal Materno-Infantil Esaú Matos pela Prefeitura de Vitória da Conquista. Segundo ele, a crise enfrentada pela unidade é resultado de anos de má gestão sob a responsabilidade da Fundação Pública de Saúde (FSVC).
“No meu ponto de vista, má gestão, e eu defendo que o hospital retorne para o município. Quando ele voltar para a gestão da Secretaria de Saúde, aí a prefeita está ali, é decisão política da prefeita tomar as decisões. Enquanto fundação, ela tem sua autonomia”, afirmou o parlamentar.
Luciano elogiou a postura da prefeita Sheila Lemos, que se reuniu com o governador Jerônimo Rodrigues, em Salvador, para buscar apoio financeiro do Estado. “Quero parabenizar a prefeita Sheila Lemos pela atitude de ir ao governador buscar solução. E é isso que nós, vereadores, temos que apoiar. Não importa de onde vem o recurso. Tem que chegar e atender à população.”
O vereador ressaltou a importância da união de esforços para resolver a crise no hospital: “Nós precisamos aqui é unir forças […] para garantir que o Esaú volte a funcionar: ou que retorne para o município e acabe com essa fundação, ou que fortaleça a fundação para que ela possa prestar um bom serviço”, dosse.
A fala de Luciano Gomes acontece em meio a uma série de denúncias e dificuldades enfrentadas pelo Esaú Matos, unidade referência em saúde materno-infantil na região sudoeste da Bahia. Nos últimos meses, casos de suposta negligência médica, além de relatos de atrasos salariais e cortes no atendimento causaram preocupação entre profissionais da saúde e pacientes.
O caso mais grave veio à tona em março, quando o bebê John Henrique morreu após mais de 30 horas de trabalho de parto induzido. A mãe, Caroline Rodrigues, relata que a cesariana só foi realizada três dias depois de sua entrada no hospital, e o bebê, embora tenha nascido com vida, não resistiu. A família denuncia omissão no atendimento, e o caso já é investigado pelo Ministério Público da Bahia.
Além disso, profissionais contratados por meio de pessoa jurídica denunciam estar há meses sem receber pagamento, e há relatos de falta de materiais básicos para o funcionamento adequado da maternidade. Em janeiro, a FSVC suspendeu os atendimentos a pacientes classificados com fichas azuis e verdes, que foram encaminhados para a Atenção Básica. A medida visou reduzir a sobrecarga da unidade, que atende não só Vitória da Conquista, mas dezenas de municípios da região e até do norte de Minas Gerais.
Durante sua fala na Tribuna Livre, Luciano Gomes também propôs que cada vereador busque apoio junto aos seus deputados federais e estaduais para garantir recursos ao hospital: “Se cada vereador conseguir um milhão, são 23 milhões. Já vai dar um salto de qualidade no serviço prestado.”
Apesar de criticar gestões anteriores, o vereador elogiou a atual diretora da unidade, Ceres Almeida, e disse confiar em sua competência: “A prefeita acertou ao indicar Ceres, e eu tenho certeza que ela irá fazer um bom trabalho no Esaú.”
A crise no Esaú Matos reacende o debate sobre o modelo de gestão adotado na saúde pública municipal e fortalece o discurso de parlamentares que cobram maior controle e transparência na aplicação dos recursos. Enquanto isso, a população aguarda por soluções concretas que devolvam dignidade ao atendimento de mães, bebês e crianças da região.