“Fica parecendo que a gente está pedindo, isso não é um favor, isso é um direito das nossas crianças e direitos têm que ser cumpridos”. Esse é um relato de uma mãe de criança com paralisia cerebral. Saluana é mãe do pequeno Kaleb e juntos participaram de uma manifestação na Praça Vitor Brito, em Vitória da Conquista, nesta quinta-feira (16). O protesto foi realizado para cobrar o fornecimento regular de fraldas que é realizado pela Prefeitura.
Em entrevista ao Blog do Sena, Saluna contou que a Secretaria Municipal de Saúde não fornece as fraldas para as crianças com deficiência há cerca de dois meses. Além disso, a quantidade certa, que são 120 fraldas mensalmente, não estava sendo cumprida. “Isso é recorrente, mesmo mães com liminares, como é o meu caso, ele tem liminar judicial, e está em descumprimento. E outras mães que pegam essas fraldas por cadastro também estão com problemas. Uma hora entregam 120, outra hora entregam 50, é a quantidade que eles bem entendem”, disse Saluana.
Indignada, a mãe ainda relatou o sentimento que é comum entre as mães: o descaso. Segundo ela, o direito básico das crianças não está sendo cumprido e questiona para onde está indo a verba pública destinada para o serviço.“Fica parecendo que a gente está pedindo, isso não é um favor, isso é um direito das nossas crianças e direitos têm que ser cumpridos. Cadê o dinheiro? A verba está aí, a verba vem. E cadê o dinheiro? É um direito que a gente quer que seja cumprido e que não precisamos ter que vim fazer protesto, passar por essa humilhação, para ter os direitos dos nossos filhos garantidos”, declarou.
A mãe do pequeno Kaleb ainda revelou que os problemas com o fornecimento de fraldas começaram no ano de 2020. De lá para cá, as fraldas não foram distribuídas como deveriam acontecer. Ela relatou que essa situação traz ainda mais dificuldade para mães, uma vez que as famílias já precisam gastar dinheiro com medicamentos e alimentação especial, por exemplo.
“Não ter o direito dessa fralda acarreta um custo muito alto para a gente durante o mês. No meu caso é plano de saúde, é remédio, transporte, suplementação e outras coisas e é tudo muito caro, tudo para criança com deficiência é muito caro”, contou.
Em nome de todas as mães de crianças com deficiência e que dependem dos serviços oferecidos pela Prefeitura, Saluana fez um apelo. “cumpram com o mínimo, que isso é um direito, isso não é um favor. Então que cumpram as liminares, que cumpram os cadastros. A gente está pedindo o básico para os nossos filhos”, finalizou.
Em nota enviada ao Blog do Sena, a Secretaria Municipal de Saúde explicou que foi necessário fazer uma readequação dos contratos junto aos fornecedores, devido ao aumento da demanda. “Diante de um aumento significativo de pacientes cadastrados no Programa de Fraldas, foi necessário fazer a readequação dos contratos junto aos fornecedores, visando atender a todos os cadastrados”, diz trecho da nota.
A nota explicou ainda que “ocorreu um problema técnico no andamento do processo de contratação e que já está sendo resolvido para restabelecer o fornecimento o mais rápido possível”.
Segundo a pasta, o novo secretário municipal de Saúde, Vinícius de Brito Rodrigues, agendou uma reunião para esta sexta-feira (17) com as mães representantes do movimento para prestar maiores esclarecimentos sobre a situação.
Veja a seguir a entrevista na íntegra: