Segundo reportagem publicada no portal Ponte, os autores do ataque a tiros em colégio estadual em Suzano (SP) teriam articulado o plano em grupo de ódio na deep web, zona obscura da internet que usa dispositivos para garantir privacidade e o anonimato na rede. Guilherme e Luiz Henrique eram frequentadores do Dogolachan, um dos mais conhecidos “chans”, fóruns de disseminação de ódio e incitação a crimes que reúne racistas, homofóbicos e misóginos. O grupo comemorou a ação.
Guilherme Taucci Monteiro, 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, 25, entraram ontem (13), armados com revólver e arco e flecha, além de coquetéis molotov, na Escola Estadual Raul Brasil, mataram 7 pessoas e depois se mataram. Antes do crime dentro do colégio, a dupla assassinou um homem para roubar um carro usado no ataque.
“Descobriram o perfil do herói”, escreveu um anônimo, sob o pseudônimo de Sanctvs, no Dogolachan. Além de outras comemorações, o moderador do fórum fez uma espécie de texto-manifesto com supostas explicações para o ataque: “Somente através do derramamento de sangue e grandes tragédias que a sociedade desperta seu estado zumbificado e começa notar a real existência de problemas enraizados culturalmente e quem sabe, promover soluções realmente eficientes”, escreveu.
Uma mensagem, datada de 7 de março e endereçada a este moderador, é atribuída a um dos atiradores, que agradece as dicas para a realização do plano:“Bolsonaro, você tem sangue nas mãos”, disse Lola Aronovovich, professora universitária e blogueira feminista que foi ameaçada diversas vezes pelo criador do grupo que Guilherme e Luiz Henrique faziam parte. Ela conta que não houve um só dia em que os membros do grupo não fantasiavam com o dia que teriam acesso livre a armas. “Todos votaram em Bolsonaro, o candidato que lhes prometia isso. Eles sempre falavam em cometer massacres. Suponho que a tragédia de Suzano não seja surpresa nenhuma pra Polícia Federal”, afirmou.
A luta de Lola contra as ameaças virtuais do grupo extremista inspirou a criação da lei federal 13.642/18, conhecia como Lei Lola, que dá á Polícia Federal a atribuição para investigar crimes de misoginia praticados na internet.
Créditos: Blitz Conquista