Blog do Sena – Vitória da Conquista- Bahia

Vitória da Conquista é a 10ª cidade com mais quilombolas no país e comunidades carregam a história da escravidão

Random image
Foto: reprdução/TV Sudoeste

Vitória da Conquista é o 10° município do Brasil com o maior número de comunidades quilombolas. Ao todo, são 12.057 pessoas quilombolas em toda a cidade. Os dados são do do IBGE, e fazem parte do Censo 2022, que investigou pela primeira vez esse grupo. A população quilombola do Brasil é de 1.327.802 pessoas.

No município, 40 comunidades quilombolas são reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares e o Beco de Dôla se tornou o primeiro quilombo urbano em janeiro deste ano. A TV Sudoeste uma reportagem especial sobre a comunidade quilombola no múnícipio. O tema foi destaque no Bahia Meio Dia desta sexta-feira (26).

Em entrevista à emissora, o antropólogo e professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Itamar Vieira, explicou que a busca por pedras preciosas trouxe para o interior da Bahia a escravidão de pessoas negras. “Essa atividade do garimpo, do garimpo de ouro, de diamante, de pedras preciosas, desenvolvido ainda no período do Brasil Colônia e durante do Brasil Império, que começa lá por Minas Gerais e depois veio subindo pela Bahia”,explicou.

Na Bahia, várias cidades foram construídas a partir do garimpo. “Contrói Rio de Contas, Mucugê, Andaraí, Lençois e etc, a região de garimpos de diamente e de ouro. Então para onde foi o garimpo também foram levados negros como escravizados”,contou.

O garimpo não foi realizado na região de Vitória da Conquista. No entanto, os escravos que fugiam para a cidade, passaram a trabalhar na agricultura para sobreviver. Na comunidade de Maria Clemência, o feijão andu é cultivado em abundância.

“Desde os 7 anos eu já estava aqui na roça, já estava plantando, já estava colhendo. meu pai não faz mais porque já está bem velhinho, com 90 e poucos anos, mas está dentro da roça ainda, mora inclusive aqui, bem perto dos pés de andu”, disse um morador da comunidade.

 

Foto: reprodução/tv sudoeste

Durante o trabalho na roça, a cantoria dos povos mais vellhos entram em cena. Dona Vitória, a matricarca de uma família de quilombolas, contou que os filhos desde muito pequenos” já trabalhavam com a terra, cada um tinha o seu pedaço de terra para cuidar, tudo foi crescendo”.

Apesar do Censo de 2020 mostrar o crescimento na população quilombola de Vitória da Conquista, na reportagem, o Instituto do Quilombola do Sudoeste, contou que o número de quilombolas na cidade pode ser ainda maior, já que, que número digulgado pelo IBGE,12.057 pessoas quilombolas , não representa toda comunidade quilombola do munícipio.

“É importante a divulgação do Censo, até por questões de recursos para as nossas comunidades quilombolas aqui de Vitória da Conquista, porque vem baseado no quantitativo de pessoas. E eu acredito, a gente do Instituto faz um levantamento, que nós ultrapassamos esse número. Mas , por conta do racismo, do preconceito, ainda há medo por parte das pessoas de se indentificar como quilombola dentro das suas comunidades”, explicou o representante do Instituto.

Nas comunidades quilombolas existentes na cidade, cada uma tem a sua hitória. No entanto, segundo o representante do Instituto do Quilombola Sudostes, 70% levam a história do escravo fugitivo. Já os outros, foi a localização que os escravos conseguiram se refugiar, a exemplo de Boquerão, por ser um lugar bem distante de uma serra”, explicou.

Algumas comunidades carregam nomes dos escravos fugitos, como a Lagoa do Vitorino e São Joaquim de Paulo.


Curta e Compartilhe.

Deixe um Comentário


Leia Também