Ontem, 10 de outubro, foi estabelecido como o Dia Nacional da Luta Contra a Violência à Mulher. Em Vitória da Conquista, os altos números de ocorrência envolvendo violência doméstica espantam e chamam a atenção para um problema que é estrutural e difícil de ser combatido.
Em entrevista ao Blog do Sena, a delegada Gabriela Garrido, titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), falou sobre casos recentes de violência doméstica que ocorreram em nosso município e que chocam pela brutalidade.
“Nós tivemos um caso de um homem que cortou o dedo da mulher. Ele agrediu ela e arrancou o dedo. Eu ainda não vi a mulher, porque ela está internada no hospital porque ela passou por uma cirurgia. Nós tivemos ainda três casos também, é isso é muito comum para as mulheres ficarem cientes, em que o autor tocou foco na casa da vítima, na cama da vítima, precisando os Bombeiros serem chamados”, relatou.
A maior dificuldade na proteção das mulheres vítimas de violência doméstica está na própria denúncia que em muitos casos não chega a ser feita. Apesar de 1400 ocorrências terem sido registradas em Vitória da Conquista, muitos casos de violência não chegam sequer ao conhecimento das autoridades policiais.
“Quando acontece a denúncia, o homem já tem consciência de que o que acontecer com aquela mulher, ele vai ser a primeira pessoa a ser procurar. Ele já está respondendo um processo criminal, ele já tem um acompanhamento, às vezes ele fica com a tornozeleira, tem uma prisão preventiva decretada. Então, ele vê que aquilo ali tem uma consequência, que as ações dele são um crime e que ele vai ser cobrado por aquilo. Isso faz com que ele pense duas vezes antes de cometer um feminicídio. A mulher também vai ser acompanhada, vai estar com um medida protetiva, vai estar sendo acompanhada pela ronda (Maria da Penha). Tanto que nós temos uma estatística que mostra que 98% das mulheres vítimas de feminicídio não tinham nenhuma medida protetiva. Isso mostra o quanto o trabalho preventivo é importante”, relembrou a delegada.