O presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nos segundo turno dessas eleições pelo ex-presidente Lula (PT), falou pela primeira vez desde o domingo (31). Questionador veemente da segurança das eleições e das urnas eletrônicas, a expectativa era grande para que o presidente reconhecesse a derrota.
Bolsonaro fez um discurso curto, agradecendo os eleitores e afirmando que a direita conseguiu se estabelecer de fato no Brasil, citando a grande quantidade de parlamentares de direita que conseguiram se eleger neste pleito.
“Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro. Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedade, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir”, afirmou.
Indiretamente, o presidente atacou a lisura do processo eleitoral. Ele não solicitou que os apoiadores que estão realizando atos antidemocráticos desbloqueassem as rodovias e também não reconheceu a vitória do adversário Lula (PT).
Coube ao ministro da Casa Civil Ciro Nogueira a declaração de que haverá transição. A presidente do PT Gleisi Hoffmann teria indicado o vice de Lula, Geraldo Alckmin para estar à frente do processo.
A postura evasiva de Bolsonaro mais uma vez reacende a possiblidade de novas atitudes antidemocráticas por parte do presidente.
Ele chegou a tentar uma reunião prévia com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), mas o convite foi negado. Os ministros cobravam o pronunciamento.
O clima ficou ainda mais tenso quando os apoiadores bolsonaristas iniciariam protestos com a interdição de rodovias, pedindo a intervenção das Forças Armadas e intervenção militar. Diante dos atos antidemocráticos, o STF autorizou a Polícia Rodoviária Federal a proceder o desbloqueio das estradas e também mandou que os estados enviassem as Polícias Militares para dar suporte nas operações de desbloqueio.
Enquanto os apoiadores almejavam a ida para as portas dos quartéis neste feriado de 2 de novembro, autoridades policiais e a população em geral temiam por protestos semelhantes aos que aconteceram nos EUA, após a derrota de Donald Trump. O silêncio do chefe do Executivo Nacional acabou por estimular os atos e falas antidemocráticas.