O que sente um pai ao perder uma filha? O que sente um pai ao perder uma filha assassinada e com requintes de crueldade? Emocionado, com a voz embargada não conseguindo conter as lágrimas, o empresário Edilvânio Alves, mais conhecido como Seis Dedos, tentou responder. Ele é pai da jovem Sashira Camilly Cunha Silva, que foi morta em 2021. Neste domingo, 15 de setembro, sua morte completa três anos.
Em entrevista ao Blog do Sena, Seis Dedos, revelou que os dias não têm sido fáceis, já que o tempo passa e a saudade só aumenta. Segundo ele, desde a morte da sua filha, não consegue ser mais o mesmo. “A dor que eu sinto, só quem é pai de verdade sabe o que sinto quando eu deito, quando eu durmo, que vem as lembranças, a dor desmonta, eu choro. Eu choro por dentro, não consigo dormir. Só quem é pai de verdade para saber o que a gente sente como pai, a dor que é, você perder uma filha da maneira que eu perdi, assassinada do jeito que foi por esses vagabundos, meu Deus. Me dê força para eu lutar, para que esses vagabundos paguem, paguem senhor, pelo que eles fizeram com a minha filha”, disse.
O desabafo é de um pai que perdeu sua filha primogênita com apenas 19 anos de idade. Seu corpo foi encontrado no município de Planalto, que fica distante cerca de 47 quilômetros de Vitória da Conquista. De acordo com a Polícia Civil, o ex-namorado, Rafael Souza, é o principal responsável pela morte da jovem. No entanto, para cometer o crime, ele teve o auxílio de outros comparsas, o Marcos Vinícius Fernandes e o Felipe Gusmão. Rafael confessou o crime e delatou os comparsas à polícia. De acordo com as informações divulgadas pela Polícia Civil na época, Rafael dopou Sashira com um remédio de uso controlado a esfaqueou no pescoço e no rosto. No entanto, ele não teve coragem para matá-la e contou com a ajuda de Marcos. Ele foi responsável por pegar o carro da vítima e terminou de matar Sashira, enforcando a jovem até a morte. Os dois estão presos.
Já o terceiro envolvido, Felipe Gusmão, segundo a polícia, fez a ligação entre Rafael e Marcos, que não eram próximos. Ele serviu como articulador entre os dois e pagou um carro de aplicativo para que Marcos fosse até o local do crime. Ele chegou a ser preso, mas, por meio de Habeas Corpus, ele está em liberdade desde maio do ano passado. “Eles estrangularam a minha filha, sangraram a minha filha, torturaram, lixaram, mutilaram a minha filha todinha com faca, cortaram o rosto, rasgaram o rosto, rasgaram a mandíbula e ainda não contentes com isso, ainda encheram ela de soco, pontapé. E tudo isso é muito doído, dói e até hoje eu penso nesses momentos”, relembrou.
Com uma mistura de emoção e revolta, o pai de Sashira conta que lembra de cada detalhe da quinta-feira, 15 de setembro de 2021, quando foi até a delegacia saber notícias sobre sua filha que estava desaparecida. Segundo ele, antes mesmo de saber da morte de Sashira, ele sentiu que sua filha já não estava mais com vida.
“Foi uma notícia trágica. Cheguei na delegacia e fui informado que tinham achado a minha filha. A delegada na época, foi fazer uma diligência, mas não me relatou o fato quando cheguei. No entanto, na hora, deu um trem no meu coração, senti que minha filha já não estava mais viva. Liguei para os meus familiares e disse que infelizmente Sashira foi achada, mas acho que não encontraram com vida. E quando eu tive a notícia de que ela tinha sido encontrada, às margens de uma pista da BR-116, próximo a cidade de Planalto. (…) Mataram minha família, dessa maneira como foi, e ainda jogaram o corpo dela à beira de uma pista, como se fosse um animal qualquer, deixaram para os urubus comerem. Isso dói muito, dói demais o coração. Sinto na minha alma que minha filha sofreu muito”, contou.
Desde a morte da jovem Sashira, Seis Dedos conta que hoje vive das recordações dos momentos que viveu com a filha. No dia de três anos da morte da jovem, o empresário foi até o bairro Urbis II, onde ela passou a maior parte da vida. “Eu lembro da infância da minha filha, criança, correndo nessa Urbis II, aqui nesse bairro onde ela começou a vida dela, guiar os passos dela, criar os vínculos de amizade. E depois de tudo que aconteceu com ela, ficam só as lembranças. Eu vim aqui hoje, justamente para isso, para recordar esses momentos de alegria que tive com minha filha. Mas, infelizmente hoje eu não tenho mais”, desabafou.
Para o pai, a dor só aumenta porque, até hoje, os três acusados ainda não foram julgados. “Três anos. Infelizmente, não é de comemorar não. É de tristeza e muita tristeza mesmo. É uma coisa só de lembrar, já é ruim. Mas, infelizmente, hoje tem três anos da morte da minha filha que foi brutalmente assassinada por esses três monstros e até hoje, a justiça não fez nada. Até hoje, nada de julgamento, ninguém fala nada. A defesa desses bandidos tentaram até realizar o julgamento fora de Conquista, não sei qual o motivo que eles têm, qual o medo que eles têm. Não sei qual a intenção desses advogados que não devem ter filhos. Por que ter um julgamento fora da cidade? Estão com medo da sociedade julgar esses bandidos? Esses bandidos já foram julgados pela sociedade, não por qualquer caso, mas sim por assassinato, um assainato com requintes de crueldade. Todos os três assassinos participaram de forma igual e hoje as defesas ficam se dividindo. Mas, eu tenho certeza que os três participaram igualmente. São três monstros, assassinos que merecem a pena máxima”, pontuou.
O dia 15 de setembro ficará para sempre marcado na vida de Seis Dedos, de sua família e amigos e também de toda sociedade de Vitória da Conquista, já que o crime ganhou grande repercussão e gerou muita revolta. No dia que completa três anos da morte da filha, o pai pede que a justiça seja feita. “Meu apelo é que a justiça seja feita o mais rápido possível. Já estamos atrasados, temos três anos hoje e infelizmente essa justiça é tardia, falha e até hoje nada. Espero que ela (a justiça), tenha pelo menos, o comportamento de julgar esses assassinos. O julgamento é para que os familiares e amigos de Sashira possam, ao menos, se conformar com a pena que esses bandidos vão receber”, apelou Seis Dedos.
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