Blog do Sena – Vitória da Conquista- Bahia

Revolta e impunidade: caso de jovem morta no Ceará relembra assassinato de Sashira Camilly em Vitória da Conquista; assassinos ainda não foram julgados

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Foto da esquerda: Naly, 20 anos /Foto da direita: Sashira, 19 anos

O Brasil foi novamente abalado por um crime brutal ocorrido no Ceará, onde uma jovem foi sequestrada por três criminosos em seu próprio carro e, tragicamente, assassinada, no último domingo (16).  Natany Alves, de 20 anos, foi capturada pelos bandidos quando saiu da igreja. Este caso trouxe à tona lembranças dolorosas do assassinato de Sashira Camilly Cunha Silva, ocorrido em Vitória da Conquista, Bahia, em setembro de 2021.

Sashira, uma estudante de Engenharia Civil de 19 anos, foi vítima de um crime bárbaro que chocou a comunidade local e ganhou repercussão nacional. Em 15 de setembro de 2021, após sair do trabalho, ela foi dopada, esfaqueada e estrangulada pelo ex-namorado, Rafael Souza, com a ajuda de dois colegas de faculdade, Marcos Vinícius Botelho Fernandes de Almeida e Filipe dos Santos Gusmão. O corpo de Sashira foi encontrado em um terreno baldio na cidade de Planalto, a cerca de 50 km de Vitória da Conquista. O crime foi premeditado, motivado pela não aceitação do término do relacionamento por parte de Rafael, que já possuía histórico de agressões contra a vítima.

De acordo com as investigações da Polícia Civil, na época, Rafael planejou meticulosamente o crime. O criminoso usou requintes de crueldade para executar o crime. Ele, inicialmente, tentou dopá-la com um refrigerante adulterado; ao perceber o gosto estranho, Sashira tentou escapar, mas foi esfaqueada pelo ex-namorado. A frieza e premeditação do crime chocaram a comunidade e o país.

Desde o crime, a busca por justiça tem sido incessante. Rafael Souza e Marcos Vinícius permanecem presos, aguardando julgamento. Filipe Gusmão, inicialmente detido, foi libertado em maio de 2023 por meio de um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal de Justiça. O ministro responsável pela decisão argumentou que Filipe não demonstrava a mesma periculosidade dos outros dois envolvidos, apesar da gravidade do crime. Essa liberação gerou revolta entre familiares e amigos de Sashira, que temem pela impunidade e clamam por justiça.

A dor da perda levou o pai de Sashira, Edilvânio Alves, conhecido como “Seis Dedos”, a manter viva a memória da filha através de projetos que ela idealizou. Em setembro de 2021, ele inaugurou o restaurante que compõe a Arena Sashira, um complexo de lazer e eventos concebido por Sashira antes de sua morte. Além da dor da perda precoce e brutal da filha, o pai e família sofrem com a não realização do julgamentos dos criminosos envolvidos no assassinato da jovem. Até hoje, três anos após o crime, os três criminosos ainda não foram julgados.

Em uma entrevista concedida ao Blog do Sena, em setembro de 2024, o pai da jovem, bastante emocionado, declarou que julgamento poderá trazer um pouco de alívio para a família. “Espero que um dia esse três bandidos, esses três assassinos paguem pela morte de Sashira. Que eles sejam julgados, que sejam condenados a pena máxima. Só assim para acalentar um pouco da dor que a gente sente no coração. Essa angústia, essa dor, mas com a condenação desses três marginais, desses três assassinos, o coração pode ficar um pouco aliviado, não totalmente aliviado porque a dor da morte, da perca de uma filha, do jeito que eu perdi minha filha, jamais essa dor vai passar”, disse Seis Dedos.

O recente crime no Ceará, envolvendo o sequestro e assassinato de uma jovem em circunstâncias igualmente cruéis, reavivou a dor e a memória do caso de Sashira. Ambos os casos destacam a urgência de medidas efetivas no combate à violência contra a mulher e a necessidade de um sistema judicial mais ágil e rigoroso na punição dos culpados.

A semelhança entre os casos ressalta a persistência de crimes violentos contra mulheres no Brasil e a importância de uma resposta contundente da sociedade e das autoridades. Enquanto o caso recente no Ceará segue em investigação, a comunidade de Vitória da Conquista continua aguardando por justiça para Sashira Camilly, na esperança de que sua memória sirva como um marco na luta contra o feminicídio e a impunidade.


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