O presidente da Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista, Ivan Cordeiro – acompanhado do diretor de comunicação Fábio Sena – protocolou, na tarde desta segunda-feira (31), na Secretaria Municipal de Cultura, o documento que formaliza o pedido de tombamento do prédio histórico que abriga o Memorial Manoel Fernandes de Oliveira e alguns setores legislativos, como a presidência. O documento foi entregue ao conselheiro de cultura Marley Vital.
Localizado na rua Zeferino Correia (antiga Rua Grande), o prédio foi construído em 1910 pelo mestre de obras Luiz Alexandrino de Melo, o popular Luiz Pedreiro, tendo servido de residência, hotel, Fórum e Justiça do Trabalho. Foi adquirido na década de 1960 pelo Município, que o restaurou para servir de sede à Câmara de Vereadores e fórum.
Na reforma, o edifício sofreu alterações substantivas na parte interna: foi demolida a cozinha, que ficava ao fundo, houve mudança do piso inferior e foi construída uma nova escada no lugar da originalmente helicoidal. Além disso, foram substituídas algumas janelas da fachada e a porta principal, que estavam danificadas.
No primeiro pavimento, a fachada do prédio contém cinco janelas e uma porta de entrada; o segundo contém seis janelas com sacadas em forma de púlpito de igreja, “talvez o único em toda a arquitetura civil brasileira”, segundo afirmou o historiador Mozart Tanajura em entrevista concedida em março de 2001 ao jornalista Fábio Sena, para composição do acervo do Memorial da Câmara.
Segundo o estudioso, este estilo de construção é peculiar à arquitetura religiosa, pois, embora de estilo neoclássico, o prédio ostenta púlpito de inspiração barroca, mas dentro da perspectiva do eclético. Encimando o telhado, existem quatro estátuas, uma em cada quina, “moda portuguesa que chegou ao Brasil durante o período colonial”, segundo afirmou Tanajura.
Outros edifícios da cidade também possuíram estátuas em seu telhado, como os do prédio da antiga prefeitura, chamado Paço Municipal, e o Ginásio de Conquista, atual Museu Padre Palmeira. As estátuas que encimam o prédio da Câmara de Vereadores representam, segundo o memorialista, os deuses Apolo, Mercúrio, Diana e Júpiter.
“O tombamento do edifício da Câmara Municipal integra um conjunto de ações que visam a preservação da memória do município de Vitória da Conquista, pois o prédio está inteiramente ligado à vida social, política, econômica e cultural local e merece o reconhecimento público de patrimônio cultural”, afirmou Ivan Cordeiro.
Historiador e mestre em Museologia/Patrimônio e Comunicação pela UFBA, o diretor de comunicação Fábio Sena afirmou que o tombamento do prédio da Câmara certamente servirá de inspiração para que outros edifícios históricos sejam tombados.
“É um processo de patrimonialização tardio, mas extremamente necessário, e cada vez mais urgente. Infelizmente, muito se perdeu do centro histórico de Vitória da Conquista, muita casa antiga deu lugar a estacionamentos e lojas, mudanças que alteraram a paisagem urbana e comprometeram a plástica da cidade antiga”, afirmou.