Como já era de se esperar, a presidente municipal do MDB em Vitória da Conquista, a vereadora Lúcia Rocha, declarou apoio à chapa encabeçada pelo petista Jerônimo Rodrigues que tem como vice o mdbista Geraldo Júnior. A nota divulgada pela executiva municipal do partido e assinada por Lúcia afirma que a vereadora chegou a iniciar tratativas para apoiar o pré-candidato a governador pelo União Brasil, ACM Neto, através da prefeita Sheila Lemos, que é sua apoiadora e representante local.
Lúcia, que é pré-candidata a deputada estadual pelo MDB e presidente da legenda, afirmou que as negociações não teriam avançado porque a gestora teria posto como “condição inegociável, a desfiliação de Lúcia da legenda e sua filiação a um partido da base do União Brasil. O texto, divulgado no fim de semana, relembrou ainda a exoneração de cargos comissionados que eram indicações do MDB através da Lúcia.
Em resposta às alegações, a prefeita Sheila Lemos divulgou uma nota nesta segunda-feira (04), desmentindo a alegação de que ACM Neto teria recusado o apoio. A prefeita afirma ainda que o ex-prefeito Herzem Gusmão, que colaborou para o fortalecimento do MDB em Conquista e de quem Lúcia “herdou” o partido, jamais aprovaria a adesão ao projeto petista para o Governo do Estado.
A gestora relembrou ainda que a presidência do MDB foi dada à vereadora por meio dos irmãos Vieira Lima, que compõem a executiva estadual do MDB. Na ocasião, o ex-presidente da sigla, Lucas Batista, deixou o partido. Com a aliança com o PT, quadros históricos do MDB, como Gilmar Ferraz, na asseguram que vão deixar o partido.
Os dois textos só serviram para selar a ruptura entre a vereadora e a prefeita e para confirmar que Lúcia Rocha segue agora isolada no processo eleitoral desse ano, sem poder contar com o apoio do grupo político da chefe do Executivo Municipal para pleitear uma vaga na Assembleia Legislativa da Bahia.
Confira nota divulgada pela prefeita na íntegra:
NOTA PÚBLICA EM RESPOSTA À VEREADORA LÚCIA ROCHA
Em respeito à verdade, a prefeita Sheila Lemos vem a público manifestar sua estranheza em relação às afirmações feitas pela vereadora Lúcia Rocha, presidente do Diretório Municipal do MDB em Vitória da Conquista, em nota distribuída à imprensa.
No documento, a parlamentar apresenta como viés para sua mudança de apoio para o pré-candidato do PT a governador, uma inexistente recusa do pré-candidato a governador ACM Neto.
Alega a vereadora que a direção estadual do MDB lhe concedeu total autonomia para apoiar qualquer pré-candidato ao governo do Estado, em uma tentativa frustrada de convencer as pessoas de que ela estaria desobrigada de apoiar os novos companheiros do seu partido. Justamente ela que ganhou a direção do MDB municipal por gesto dos irmãos Vieira Lima e que já anunciara, por indicação dos mesmos, dobradinha com o emedebista e presidente da Câmara de Vereadores de Salvador, Geraldo Júnior, que de pré-candidato a deputado federal passou a ser pré-candidato a vice-governador na chapa petista.
Decidida a apoiar o PT, a vereadora, no entanto, retoma a versão já envelhecida de que “membros do MDB foram convidados a se desfiliarem do partido para migrarem a outro de interesse da gestão”, como mais uma justificativa para sua adesão ao projeto petista para eleição de governador. Mas, ela sabe que a desfiliação em massa se deu por contrariedade à sua direção e à sua posição em favor de um pré-candidato que nunca seria o do MDB de Herzem Gusmão.
Com seu posicionamento, a vereadora Lúcia Rocha se afasta, de uma vez, do legado do saudoso ex-prefeito, que jamais apoiaria essa conversão definida pelo MDB, partido que ele ajudou a se fortalecer na Bahia.
No que concerne ao desrespeito à memória do saudoso prefeito, que nos deixou em março do ano passado, Lúcia Rocha tenta retirar de Herzem os méritos da própria reeleição, afirmando que a vitória se deveu ao partido dela e não ao trabalho de envergadura que o ex-prefeito realizou na condução do município, com obras e ações que marcaram a história.
As demonstrações de que Vitória da Conquista, ao contrário da vereadora, não aceita romper com o legado político de Herzem, são incontestáveis – por isso a desfiliação em massa – e incluem a decisão de suas duas filhas de se filiarem ao União Brasil, e não ao MDB, hoje na Bahia associado ao PT e contra o projeto novo que se constrói no estado, com ACM Neto na liderança.
Mais compreensível seria a vereadora, que recebeu apoio do governo municipal desde o primeiro momento, tendo, inclusive, usado marcas, propostas, projetos e realizações da gestão em sua propaganda nas redes sociais, admitir, de logo, seu apoio à chapa petista, o que seria uma elogiável atitude de lealdade e de ética, ao invés de tentar construir narrativas inverídicas que não ajudam no seu histórico e tampouco na sua pretensão de assumir cargo na Assembleia Legislativa.
Vitória da Conquista, 4 de abril de 2022