A noite era destinada ao pai de todos os orixás. O culto sagrado a Oxalá do Terreiro Ilê Axé Ojisé Olodumare, de Barra do Pojuca, na cidade de Camaçari, Região Metropolitana de Salvador, foi invadido por seis homens armados na noite desse sábado (12). O pai de santo (babalorixá) da casa e um fotógrafo foram agredidos com uma coronhada na cabeça, cada. Integrantes do terreiro relatam que os bandidos chegaram a tentar roubar celulares de pessoas que estavam incorporadas.
A festa, aberta ao público, era a primeira do ano realizada no terreiro. Além dos próprios membros do Ilê Axé Ojisé Olodumare, os convidados também foram assaltados e um carro foi levado pelo grupo. Durante a abordagem, os seis homens proferiram palavras contrárias ao candomblé.
“Eles falaram que aqui não deveria ter essa religião, que somos todos do demônio. Tentaram pegar até mesmo o celular das pessoas que estavam incorporadas com orixás. A gente fica com uma consternação de saber que mesmo estando no seu espaço sagrado, que você não tem segurança e nem encontra apoio da comunidade local”, disse Daisy Santos, iaô da casa.
O babalorixá Rychelmy Imbiriba e o fotógrafo que registrava a festa foram levados para a emergência e tiveram que levar pontos no rosto por conta das coronhadas. O nome do fotógrafo não foi divulgado. Testemunhas relataram ao CORREIO que pessoas idosas que estavam no local chegaram a passar mal durante a ação.
“Eles mandaram todo mundo deitar no chão. Os orixás não deitaram, eles ordenaram que eles ficassem sentados. Chegaram a levantar as roupas dessas pessoas para ver se tinha celular. A gente avisava que eles estavam incorporados, mas eles continuavam e diziam que a gente nem deveria estar ali”, relatou a iaô Muana Simões.
Durante ação, os invasores também roubaram ferramentas e instrumentos sagrados dos orixás da casa. O babalorixá foi agredido enquanto tentava falar com os bandidos que eles não precisariam de uma força tão ostensiva e que os presentes iriam entregar os pertences a eles, sem agressão.
O terreiro emitiu uma nota de pesar, na qual afirma que a situação foi um ato de intolerância religiosa e lembra da perseguição que a religião teve do Estado e da polícia. “Hoje (sábado), durante a cerimônia pública em louvor a Osalá, nossa casa foi invadida por bandidos armados que além de levar os pertences dos presentes (Egbé e convidados) profanaram a nossa fé, desrespeitaram nosso espaço sagrado, o nosso culto e agrediram o fisicamente o Babà Rychelmy Esutobi”, descreve a nota.