Defesa do ginecologista acusado por abusos é criticada por usuários em redes sociais após coletiva
A defesa do ginecologista Orcione Ferreira Guimarães Junior convocou uma coletiva de imprensa na manhã de ontem para apresentar a versão do médico sobre o assunto. Durante a coletiva, a advogada citou detalhes médicos das pacientes e afirmou que, caso as acusações não sejam provadas, as vítimas, que são pelo menos 24, serão processadas e será pedida uma indenização.
As afirmações da advogada foram vistas como uma tentativa de intimidar e desacreditar a versão das vítimas e foram criticadas por usuários através das redes sociais. Nos stories do perfil @diaganaovca, criado para denunciar os casos, foram divulgadas algumas mensagens de pessoas revoltadas com a linha adotada pela defesa.
Um manifesto foi divulgado pelo Movimento Social de Mulheres,Coletivo de Mulheres do Campo, mandato da Vereadora Nildma Ribeiro e a professora Dra. Monalisa Nascimento dos Santos Barros contra essa tentativa de intimidar e culpabilizar as vítimas.
MANIFESTO
PELO DIREITO DAS VÍTIMAS
“E se fosse sua mãe, filha ou mulher? O que vc faria”
Repercute em Vitória da Conquista a denúncia de 24 mulheres contra um médico ginecologista que teria molestado as pacientes com estímulos sexuais durante as consultas médicas.
Tudo começou numa página no Instagram onde uma das vítimas denunciou o médico e logo duas dezenas de outras mulheres de diferentes origens e profissões que não se conheciam passaram a subscrever a denúncia contra o médico.
O curioso desse fato é que as vítimas estão tratadas como criminosas e o médico como vítima, e agora a defesa do médico tenta desqualificar as mulheres chegando ao limite de expor suas vidas pessoais e questionar seus costumes e valores. Claramente uma tática da defesa para minimizar o possível crime cometido pelo profissional.
Este assunto ganha contornos muito graves e deve ser apurado com rigor. Até porque se em poucos dias, 24 vítimas se manifestaram, quantas dezenas ou até mesmo centenas estão escondidas e com medo da eventual represália que os advogados do médico vociferam na imprensa local buscando minimizar a gravidade dos fatos.
Os relatos de cada mulher é emocionante e causa indignação, um profissional usa de sua prerrogativa para apalpar, acariciar, insinuar e até mesmo molestar a genitália de mulheres que buscavam ali apenas um tratamento médico, ultrapassa todos os limites do bom senso.
Cabe ao poder público a preocupação com os pacientes e qual tipo de moléstia eles foram submetidos.
O fato em questão Demonstra ainda a ausência de mecanismos de controle e a ouvidoria para pacientes. As clínicas o SUS e o próprio CRM precisam instituir canais especializados para que o paciente possa se manifestar, pois fica claro, neste caso que havia uma demanda reprimida que não encontrou canais de expressão adequados.
Se estas mulheres foram realmente molestadas, e tudo indica que sim, o médico deve ser suspenso de suas atividades, sob pena de cometer o mesmo crime com outras mulheres. No entanto existe uma tentativa clara de abafar os fatos e inverter a culpa.
Demonstra ainda o machismo enraizado, quando cidadãs que denunciam um crime tentam ser colocadas como culpadas e não tem sua denúncia devidamente apurada, sendo ameaçadas em público caso mantenham suas denúncias.
O assunto precisa ser apurado rapidamente e com rigor pelos órgãos competentes sob pena que mulheres vítimas de abusos, sejam consideradas culpadas pelo único crime de ser mulher.
Vitória da Conquista, 17/05/2019
Movimento Social de Mulheres
Coletivo de Mulheres do Campo
Mandato da Vereadora Nildma Ribeiro
Profa. Dra. Monalisa Nascimento dos Santos Barros