Em uma ação desencadeada a partir da prisão de um homem em Vitória da Conquista, em novembro de 2020, a Polícia Federal deflagrou hoje uma operação contra o maior contrabandista de armas da América do Sul. O indivíduo, cuja identidade permanece sob sigilo, foi detido transportando dois fuzis e 23 pistolas em um ônibus na BR-116.
O veículo, que partiu de São Paulo com destino a Serrinha, contava com a presença do suspeito, que embarcou em Conquista e tinha como destino final Nova Soure, a aproximadamente 263 km da capital baiana.
A apreensão chamou a atenção das autoridades devido ao número de série raspado nas armas. Entretanto, por meio de perícia, a PF conseguiu obter informações, desencadeando uma investigação que revelou um esquema expressivo de tráfico internacional de armas.
A partir dessa prisão, a PF da Bahia mapeou a rota inversa, identificando fabricantes, importadores e a logística por trás do tráfico de armas, culminando na descoberta de um grupo liderado por Diego Hernan Dirísio, argentino e proprietário da empresa paraguaia IAS. Dirísio é considerado o maior contrabandista de armas da América do Sul.
Ao longo de três anos de investigação, a PF desvendou um esquema sofisticado que envolvia a IAS, responsável por adquirir armamentos de diversos fabricantes europeus, incluindo Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia. O contrabando era efetuado por meio de empresas de fachada no Paraguai e nos Estados Unidos, facilitado por doleiros.
O grupo comandado por Dirísio movimentou R$ 1,2 bilhão, fornecendo armas para as principais facções brasileiras, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV). As investigações também apontam para corrupção e tráfico de influência na DIMABEL, órgão paraguaio responsável pelo controle e fiscalização de armas.
A operação, liderada pela Polícia Federal da Bahia, resultou na emissão de 25 mandados de prisão preventiva, seis de prisão temporária e 53 de busca e apreensão em três países: Brasil, Paraguai e Estados Unidos. A Justiça da Bahia determinou a inclusão dos alvos no exterior na lista vermelha da Interpol, com a possibilidade de extradição para o Brasil, reforçando o compromisso de desmantelar esse esquema criminoso internacional.
