A demolição realizada pela Prefeitura de Vitória da Conquista de barracos de madeira e lona, no acapamento conhcecido como Terra Nobre, no bairro Alto da Universidade, em pleno feriado de São João (24), continua repercutindo na cidade. A ocupação no terreno foi realizada a cerca de 45 dias pelo Movimento As Terras.
A questão é que a situação ainda não foi resolvida. Após as casas improvisadas serem demolidas por duas máquinas, as famílias continuaram no local e reconstruíram novas casas no último fim de semana. Eles alegam que não têm onde morar e que também precisam do local para poder trabalhar.
O Blog do Sena esteve no local na tarde desta segunda-feira (28). Um dos moradores e líder do Movimento As Terras, Adnoaldo Ferreira, disse que as famílias vão continuar no local até que o poder público resolva a situação e defina um local definitivo.
“ Na realidade não é uma resistência é uma sobrevivência porque as famílias que estão aqui podem dizer que sobreviveu e está aqui porque não tem para onde ir. O objetivo é ficar aqui até o poder público, o poder jurídico decidir para onde essas famílias vão”, contou o morador.
A ação da prefeitura dividiu opiniões na Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista. Enquanto vereadores da bancada de oposição criticaram, a banca de situação contestou as informações passadas pela imprensa como o número de famílias que teriam sidos desabrigadas e também reforçaram que no local os moradores estariam vendendo lotes. Sobre o posicionamento dos edis aliados do governo de Sheila Lemos (DEM), o morador disse que a realidade deles deveria ser visto de perto.
“Se eles alegam que não tem essa quantidade de famílias e que as pessoas têm condições, viesse para ver, para apurar, para depois levantar essas conversas sem ter testemunhas, entendeu? Primeiro venha ver a realidade do povo, depois fazer afirmação”, ressaltou Ednaldo.
Os moradores estão recebendo ajuda da população de Vitória da Conquista, de movimentos socais e sindicais. Um deles, é o professor Heberson Sonkha, militante histórico da esquerda em Vitória da Conquista. Para o Blog do Sena, Sonkha que é um dos dirigentes do Psol na cidade, afirmou que lamenta a atitude da Prefeitura e os vereadores que aprovam a ação.
“Nós estamos aqui enquanto fórum sindical e popular que está também na construção desse movimento. É um movimento nacional e a gente está aqui em função do trato de pessoas que estão à margem da sociedade, são pessoas, a maior parte delas, elas são desempregas, elas não têm condições de pagar o aluguel. Eu só lamento que a Prefeitura sempre fique, e a Câmara, aqueles que defendem, do lado errado. Porque além de não saber do que se trata aqui ainda especula”, declarou.
Por fim, Sonkha finalizou criticando a maneira com foi realizada a ação da Prefeitura, disse que a situação já foi encaminhada para a Defensoria Pública do Estado e garantiu que as famílias só vão sair do local quando condições dignas forem garantidas pela Prefeitura.
“Nós já levamos ao conhecimento da Defensoria Pública, a Prefeitura agiu aqui de forma truculenta, não teve o mandato de reintegração, não comunicou. Tem três comunicações do movimento para a Prefeitura, para a procuradoria, e a Prefeitura ignorou isso. Por tanto, o que tem aqui são pessoas, trabalhadores, homens, mulheres, crianças e nós do fórum estamos aqui para dar o apoio e de dizer que a gente só sai daqui quando esse governo for foçado pela justiça a assentar essas pessoas, dar condições dignas”, explicou.