Blog do Sena – Vitória da Conquista- Bahia

Mãe da dentista Ana Luiza, vítima de feminicídio, faz discurso emocionante ao receber Diploma Loreta Valadares. “Ela agora vive em mim”

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A Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista foi marcada por um momento muito importante, nesta quinta-feira (9). Em Sessão Especial solene realizada no Plenário Carmem Lúcia, vereadores realizaram a entrega do Diploma Loreta Valadares para  seis mulheres com ações voltadas para o direito e proteção de mulheres em situação de violência. 

Uma das mulheres homenageadas foi Keila Dompsi. Ela é mãe da cirurgiã-dentista Ana Luiza Dompsi, vítima de feminicídio em março de 2021. Em um discurso emocionante, Keila disse que vive lutando por justiça. “Eu ainda não sei o que é o luto, pois continuo vivendo a luta”, declarou.

Keila Dompsi ainda falou sobre a união das mulheres em busca uma sociedade cada vez mais igualitária e sem violência contra a mulher. “Não entendemos ainda que somos, de fato, fortes, independente do sistema, dos governos e até mesmo do homem que está do nosso lado. Infelizmente, seguimos com cada um buscando o seu próprio interesse”, afirmou. 

Durante seu discurso, Keila revelou que sofreu vários processos na justiça motivados pelo próprio assassino da sua filha. Ela é proibida de se aproximar de Amaurí Araújo,  oficial da PM Baiana, lotado na 80ª Companhia Independente (CIPM/Cândido Sales) e ex-namorado de Ana Luiza e principal suspeito da autoria do crime

“Estou sendo proibida de citar o nome do assassino e, em caso de descumprimento, pago R$ 22 mil de multa. Por determinação judicial, fiquei proibida de ter acesso à cidade de Cândido Sales, onde meu pai mora, só para não se aproximar do assassino de minha filha. Eu estou sofrendo abusos, mas eu vou me calar? Não! Vou continuar buscando por justiça”, afirmou Keila.

Keila ainda contestou a versão dada pelo namorado à polícia de Minas Gerais. Segundo ele, Ana Luiza teria cometido suicídio. “Ela era uma menina alegre, feliz, ela modifica o ambiente em 10 minutos que ela chegava. Ele disse que ela estava depressiva. Na verdade eles tentam descaracterizar a mulher. A descaracterização dela nos tribunais não me diz nada e não diz nada para quem a conheceu. E é essa firmeza que temos que ter diante de quem nos acusa”, ressaltou. 

Por fim, Keila afirmou que acredita que a justiça será feita e ainda revelou o vazio que sente com a ausência da sua filha. Ela ainda relembrou uma conversa que teve com o advogado de defesa do suspeito que a marcou “Qualquer que seja a pena que esse oficial da PM receba, ninguém vai fazer ideia da lacuna que a morte da minha filha deixou em mim. […] O advogado me disse que são dois defuntos: um deitado e outro em pé. Mas quero dizer que minha filha não é um defunto deitado, pois ela agora vive em mim”, declarou emocionada e foi aplaudida.

 

 


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