O Blog do Sena comunica o falecimento de Fidelcina Santos Souza, aos 77 anos. Ela faleceu nesta terça-feira (06), em Vitória da Conquista, vítima de complicações causadas pelo Coronavírus.
Nascida em Salvador, se mudou para o povoado do Pradoso, em Conquista, em 1951, onde criou os filhos e constituiu a família. Foi aqui que ela se tornou mestre reiseira e passou a participar das homenagens aos santo-reis.
Muito querida e conhecida, toda a região ficou comovida com sua partida. Dona Fidelcina deixa 12 filhos e 15 netos e sobrinhos.
O Conselho Municipal de Cultura divulgou uma nota de pesar por sua partida:
O CONSELHO MUNICIPAL DE CULTURA manifesta com pesar a perda que representa a morte da mestre reiseira, mãe e mulher Dona Fidelcina Santos Souza, aos 77 anos, vítima de covid-19, para a cultura e a memória de Vitória da Conquista.
Fidelcina nasceu em Salvador, aos oito anos mudou-se com a família para o povoado do Pradoso, em Vitória da Conquista, no ano de 1951. No sertão, na caatinga, descobriu os encantos dos reisados, rendeu-se às homenagens aos santo-reis, maravilhou-se com a beleza das festas e compreendeu o sentido daquela tradição. Depois, já mãe, resolveu aprender com o filho e tornar-se mestre reiseira.
Em nome da sua própria religiosidade, dedicou-se às festas que servem aos agricultores para que Deus dê bom tempo e boa lavoura e traga felicidades e alegrias para enfrentar as dificuldades. Desta tradição, Dona Fidelcina tirou toda a força que precisou para levar sua vida com dignidade e muita alegria sempre, transmitindo ensinamentos, participando da vida em sua comunidade e tornando-se uma referência importante para as pessoas do povoado.
Esta mulher que não temeu a vida, que aprendeu muitos ofícios, que criou 12 filhos, ajudou a criar 15 netos e sobrinhos, sempre com muita dificuldade, mas trazendo consigo e transmitindo sua felicidade contagiante, capaz de tornar os dias, tão difíceis, mais leves e cheios de ensinamentos.
Nas festas de reisado, saía com as pastorinhas, e era como juntar ali, nas folias, as forças para suportar as dificuldades do ano todo. Muito cedo, Dona Fidelcina aprendeu com seu ofício de agricultora a compreender os ciclos da vida e da natureza. Aprendeu também que realizando seu trabalho com dedicação e afeto, honestidade e fé, é possível se ver o resultado de tudo aquilo que se planta na vida. Ela aprendeu também a benzer, a costurar, e a ser parteira. Em cada ofício, um ensinamento que valeu para a vida inteira, sua e a de seus filhos, netos e sobrinhos, a quem ela sempre transmitiu valores que hoje são exemplos em sua comunidade.
Informações sobre velório e sepultamento ainda não foram divulgadas.
Aos amigos e familiares, os sinceros sentimentos do Blog do Sena.
