O Hospital São Sebastião, em Itambé, no sudoeste baiano, amanheceu de portas fechadas nesta segunda-feira (5). Avisos informando a suspensão dos atendimentos foram afixados no prédio, que também foi isolado com uma faixa amarela. Uma guarnição da Polícia Militar esteve no local para garantir a segurança.
O fechamento da unidade ocorre mesmo após protestos da população, que, no último sábado (3), interditou a BA-263, rodovia que liga Itambé a Vitória da Conquista. Com cartazes que diziam “A saúde é um direito, não um privilégio” e “SOS ao Hospital de Itambé”, os moradores queimaram pneus e bloquearam o tráfego como forma de chamar atenção para a situação crítica da saúde pública no município.
A decisão de interromper os serviços foi anunciada pela Santa Casa de Misericórdia São Sebastião na sexta-feira (2). Em um ofício assinado pelo provedor da unidade, Uilliam Lima Nery, que o BLog do Sena teve acesso, a entidade atribui o fechamento às dificuldades financeiras acumuladas ao longo dos anos. O hospital, que recebe cerca de R$ 156 mil por mês, teve mais de R$ 286 mil bloqueados judicialmente somente nos primeiros quatro meses de 2025. Segundo a instituição, restaram menos de R$ 360 mil para custear salários, medicamentos, água, energia e demais despesas no período.
“A folha líquida de pagamento gira em torno de R$ 150 mil. Com os bloqueios, não conseguimos arcar com os salários. Temos funcionários com dois meses de atraso e médicos sem receber há três”, afirmou o provedor. Ele também relatou falta de medicamentos e insumos básicos, além da paralisação de profissionais que, sem pagamento, já não comparecem ao trabalho.
Ainda segundo o ofício, a situação foi exposta em uma reunião com o prefeito, o vice-prefeito e secretários municipais no dia 25 de abril. A direção do hospital apresentou as dívidas acumuladas com fornecedores, tributos, causas trabalhistas e bloqueios judiciais.
O impacto do fechamento da Santa Casa de Itambé deve ir além do município. A expectativa é de que moradores busquem atendimento direto em Vitória da Conquista, pressionando ainda mais a rede de saúde da cidade vizinha, especialmente a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e os postos de saúde.
A população de Itambé segue mobilizada e pede que autoridades estaduais e federais intervenham para evitar que a cidade fique sem atendimento hospitalar. Até o momento, nenhuma solução foi apresentada pelo poder público.
