O Governo Herzem já está no terceiro ano de mandato, mas continua tentando transferir os problemas da administração municipal à gestão passada
É notório que, durante os seus pronunciamentos, o prefeito de Vitória da Conquista Herzem Gusmão (MDB) ainda utiliza um discurso de palanque eleitoral e, ao invés de apresentar soluções para os problemas da cidade, continua atribuindo a culpa à gestão passada.
A falta de transporte escolar em Vitória da Conquista foi destaque, no último final de semana, no Jornal A Tarde, um dos maiores e mais respeitados veículos de comunicação da Bahia. Mais de 100 unidades escolares da zona rural estão há quase um mês sem aula porque a prefeitura, em pleno segundo semestre do ano, ainda não conseguiu concluir a licitação do serviço de transporte escolar. Longe de assumir a responsabilidade do problema e apresentar soluções urgentes, o Governo Herzem preferiu transferir a culpa para vários.
Em entrevista ao A Tarde, o secretário Esmeraldino Correia disse que a culpa é das empresas de transporte escolar: “Muitas vezes as empresas entram, ganham, não cumprem com o edital e precisamos reeditar. Foi o que aconteceu aqui”, justificou. Governistas chegaram afirmam que as empresas estariam boicotando a licitação porque são ligadas ao PT, partido que administrou a cidade na gestão passada.
O único vínculo que a gestão petista, e não o partido, teve com as empresas de transporte escolar, foi de contratação dos serviços. O processo acontecia a partir de concorrência pública, por meio de licitação; e não contrações diretas, como o governo atual tem feito. Vale à pena ressaltar que, dentro da estrutura de mercado o interesse maior das empresas é vender o seu serviço, e não organizar boicotes a A ou B.
A prefeitura disparou até contra o A Tarde. Um site ligado do prefeito, afirmou que “O jornal presta um desserviço ao povo da Bahia” e considerou a matéria tendenciosa. “A matéria é tendenciosa, irresponsável, e longe de traduzir a verdade. A Tarde agradou a oposição que está incomodada com a derrota que sofreu nas eleições, após 20 anos de reinado absoluto em Vitória da Conquista. Não existe disputa política. O que existe é um cartel que sempre foi alimentado pela covardia dos gestores e falta de atitude”, diz o texto do Resenha Geral.
Até mesmo na nota oficial da prefeitura é nítida a tentativa de transferir a responsabilidade. Praticamente metade do texto foi dedicada para atacar a gestão passada. No entanto, os problemas com transporte escolar começaram acontecer a partir de 2017, ano em que o Governo Herzem assumiu a prefeitura.
Além do constante discurso “A culpa é do PT”, a única alternativa, até o momento, apresentada por Herzem foi a possibilidade de contratar a Novo Horizonte para realizar o transporte escolar. Em entrevista ao Blog do Giorlando Lima, o prefeito afirmou que “A Novo Horizonte já colocou à disposição micro-ônibus e a Prefeitura pode contratar”. “Pode e deve”, frisou Herzem.
Não! Não pode e não deve! Parece que o prefeito se esqueceu dos motivos que forçou a Secretaria de Educação a realizar um processo licitatório às pressas para o transporte escolar. O Tribunal de Contas se posicionou exatamente contra as contrações direitas que estavam sendo realizadas, e determinou a suspensão dos contratos.
Vale lembrar também dos custos exorbitantes que a última contração dos serviços da Novo Horizonte gerou aos cofres públicos. A empresa cobrou R$ 810 mil/ mês para operar apenas 5 linhas do transporte coletivo.
A licitação do transporte escolar foi divida em 288 lotes. Segundo o Jornal A Tarde, a empresa A&M Transportes Turismo Eireli ficou com 108 lotes, e a Cardoso Empreendimentos Eireli obteve outros 18. Faltam ainda cerca de 160 lotes.
Considerando a extensão da zona rural de Conquista, alguém arrisca um palpite sobre o valor que a Novo Horizonte, se contratada, irá cobrar?