Um atleta que marca a história de um clube e um clube que marca a história de um atleta de futebol. Quando se fala de uma relação assim, logo vem à mente as ligações de Rogério Ceni e o São Paulo, Marcos com o Palmeiras, Nilton Santos e o Botafogo e, no caso de quem acompanha o futebol baiano, Sílvio e o Vitória da Conquista.
Chegando aos 40 anos nesse sábado, 13 de fevereiro, Sílvio da Silva Almeida veste a camisa do Bode desde os 25. Sua estréia com a camisa alviverde foi justamente na primeira partida oficial do time, em 29 de julho de 2006, no Estádio Jóia da Princesa em Feira de Santana, na vitória por 1 a 0 sobre o Astro, já com a braçadeira de capitão.
Naquele ano, o jovem zagueiro levantou a taça de Campeão Baiano da Segunda Divisão, título que colocou o Alviverde na elite do futebol baiano, de onde nunca mais o time saiu, assim como a braçadeira de capitão do braço de Sílvio.
Desde a estréia foram, até agora, 383 jogos e 32 gols vestindo o manto alviverde. De zagueiro artilheiro a xerife da zaga alviverde, Sílvio escuta todo o tipo de apoio vindo da torcida, que sempre canta: “Uh, Sílvio é mal! Pega um, pega geral”. Tamanha identificação com a torcida e o clube rendeu uma grande homenagem do Vitória da Conquista ao jogador: a camisa 4 do Bode só Sílvio pode usar e isso ficará registrado no estatuto do clube.
“Essa é uma forma de reconhecimento que encontramos para homenagear nosso capitão. Está presente desde a fundação do clube, desde então vem honrando nossa camisa, com muito respeito, comprometimento e dedicação. Para nós é uma honra tê-lo conosco durante esse tempo e por mais uma temporada que se inicia,” diz o presidente do Vitória da Conquista, Ederlane Amorim.
Com números expressivos, o zagueiro Sílvio revela já pensar em aposentadoria. “Está bem próximo”, disse ele sem revelar a data em que isso deve acontecer. Na entrevista a seguir ele fala também sobre as perspectivas para a disputa do Baianão 2021 e também do estilo de jogo do novo treinador do Vitória da Conquista, Gabardo Junior. Leia abaixo:
Guilherme Barbosa: É a primeira passagem do treinador Gabardo Junior pelo Vitória da Conquista. Nessa pré-temporada, o que deu para perceber do estilo de jogo que o treinador quer que vocês coloquem em prática durante os jogos?
Sílvio: O Gabardo Júnior é um treinador novo, que nunca trabalhou aqui no Nordeste. Chegou agora no Vitória da Conquista, mas já tem suas ideias de jogo definidas. É um treinador que gosta da transição rápida, de um time que marque forte e que saia rápido para o ataque. Hoje o futebol pede isso, essa dinâmica, e é isso que ele está tentando implantar com nós jogadores.
Guilherme Barbosa: Você que participou de todas as pré-temporadas desde 2006, esteve em elencos marcantes na história do clube, como os de 2008 e 2015, o que está esperando em termos de resultados do Vitória da Conquista para o Baianão 2021?
Sílvio: Esse ano de 2021 vai ser um ano complicado devido a essa pandemia. Os times financeiramente estão com muitas dificuldades e o Vitória da Conquista não é diferente. Muita dificuldade de contratação, mas mesmo assim chegando alguns jogadores novos, jogadores retornando, que passaram aqui em outras ocasiões. O que a gente espera é fazer um time competitivo, que possa brigar pelas primeiras colocações, mas isso durante o campeonato a gente vai jogando e vendo onde pode chegar. Mas o objetivo nosso é conseguir as vagas e, consequentemente, o título que quando a gente entra é sempre pra buscar o título
Guilherme Barbosa: Silvio, você é um jogador que marca a história do Vitória da Conquista, carregando a camisa 4 e a braçadeira de capitão. O clube recentemente colocou em estatuto que somente você pode utilizar a 4. Com que sentimento você recebeu essa homenagem?
Sílvio: Recebi essa homenagem com sentimento de alegria, gratidão pelo trabalho que foi feito aqui durante todos esses anos. Me sinto recompensado por toda a dedicação. Agradecer mesmo ao presidente Ederlane, aos torcedores, que sempre tiveram um carinho imenso por mim.
Guilherme Barbosa: Você está chegando aos 40 anos nesse dia 13. Já pensa na aposentadoria? Quando você acredita que ela deve acontecer?
Sílvio: Penso, sim. Eu já penso em parar. Não vou marcar uma data específica, mas sei que está bem próximo de isso acontecer.
Guilherme Barbosa: O que pretende fazer após a aposentadoria do futebol profissional?
Sílvio: Na verdade, parando, eu pretendo ficar no futebol, né? Foi o que eu fiz a vida toda, jogar futebol. Acredito que vou continuar nessa área. A única dúvida é se eu vou ficar no campo como treinador, preparador físico, alguma coisa ligada ao campo, ou administrativamente, trabalhando nos bastidores. Essa é a minha dúvida.