Blog do Sena – Vitória da Conquista- Bahia

Conquista: Projeto quer que gestantes sejam esclarecidas sobre riscos físicos e psicológicos a fim de que desistam do aborto legal

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Um projeto de lei enviado à Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista quer obrigar que os hospitais  rede público municipal sejam obrigados a informar uma série de riscos e consequências acerca do aborto legal para as gestantes que procurarem o procedimento. O PL é de autoria da vereadora Lara Fernandes (Republicanos) que também é médica.

Declaradamente conservadora, Lara já propôs uma moção de repúdio contra a ministra do Direitos Humanos, Macaé Evaristo, pela edição da Resolução que trata sobre o aborto legal.

Em seu escopo, a proposta traz uma série de itens que devem ser apresentados para a gestante antes do procedimento. O projeto prevê ainda a capacitação de equipes multidisciplinares responsáveis por esse processo de “conscientização”.

Entre os itens que devem ser apresentados estão:

I – Apresentar, de forma detalhada e didática, se valendo, inclusive, de ilustrações, o

desenvolvimento do feto semana a semana;

II – Demonstrar, por meio de vídeos e imagens, os métodos cirúrgicos utilizados

para executar o procedimento abortivo, sendo eles:

a) a aspiração intrauterina;

b) a curetagem uterina; e

c) o abortamento farmacológico.

III – Explicar a necessidade e o objetivo dos exames clínicos e laboratoriais que

antecedem o procedimento abortivo;

IV – Apresentar todos os possíveis efeitos colaterais físicos e psíquicos decorrentes

do abortamento, dentre eles:

a) perfuração do útero, quando o aborto é realizado pelo método de aspiração;

b) ruptura do colo uterino;

c) histerectomia;

d) hemorragia uterina;e) inflamação pélvica;

f) infertilidade;

g) gravidez ectópica;

h) parto futuro prematuro;

i) infecção por curetagem mal realizada;

j) aborto incompleto;

k) comportamento autopunitivo;

l) transtorno alimentar;

m) embolia pulmonar;

n) insuficiência cardíaca;

o) sentimentos de remorso e culpa;

p) depressão e oscilações de ânimo e;

q) choro desmotivado, medos e pesadelos

V – Informar às gestantes e aos seus familiares sobre a possibilidade da adoção pós-parto e apresentar os programas de adoção que acolhem recém-nascidos;

Muitos dos riscos apresentados fazem parte de muitos procedimentos cirúrgicos e mais parecem uma tentativa de dissuadir a gestante de realizar o aborto. O PL prevê ainda a realização de una ultrassonografia prévia, durante a qual a gestante poderá ouvir o coração do feto.

No Brasil, o aborto é legalizado em 3 situações: se a gravidez é decorrente de estupro, se a gravidez representar risco de vida à mulher , se for caso de anencefalia fetal (não formação do cérebro do feto). Curiosamente, o projeto não especifica em qual ou quais situações a gestante deve ser orientada da forma prevista. A proposta também não prevê outras formas de acompanhamento e tratamento médico e psicológico para os casos em que as gestantes forma vítimas de estupro.

Na última terça-feira (18), o Ministério Público da Bahia recomendou aos hospitais de Guanambi de não exijam o boletim de ocorrência a crianças e adolescentes vítimas de estupro para a realização do aborto. Segundo a recomendação, exigência de tais documentos cria barreiras indevidas ao acesso ao aborto legal, agravando o sofrimento das vítimas.

Apesar de se valer de uma possível tentativa de conscientização e esclarecimento para a gestante, o projeto de lei, se for aprovado em Vitória da Conquista, cria no medo e na culpa novas barreiras para quem já está em sofrimento.

Confira o projeto na íntegra. 

 


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