Na zona rural de Vitória da Conquista, entre as comunidades de Roçadinho e Gameleira, região de Bate-Pé, mães e crianças enfrentam uma rotina exaustiva para garantir o acesso à educação. Diariamente, percorrem quase quatro quilômetros — ida e volta — até a Escola São Francisco de Assis, no distrito de Pradoso. A informação foi veiculada no programa Bahia Meio Dia, da TV Sudoeste, nesta quinta-feira, 13.
Com mochilas nas costas e passos apressados, mães e filhos partem de Roçadinho rumo à Gameleira. “Há anos que a gente vem lutando pelos direitos dos nossos filhos, mas não conseguimos”, desabafa Verônica dos Santos Silva, dona de casa.
Crianças entre quatro e sete anos enfrentam sol escaldante, poeira, chuva e lama. O trajeto inclui a travessia de um riacho que, em dias de chuva, transborda, aumentando os riscos. “Vai para escola com chuva ou com sol, atravessam riacho cheio, aparecem vacas na estrada. Estamos aí na luta pra ver se conseguimos o transporte dos nossos filhos”, reforça a mãe.
Jeane Souza, mãe do pequeno Iago, de quatro anos, relata que boa parte do caminho precisa carregar o filho no colo. “A maioria do percurso ele vai no colo porque não tem costume de andar tanto e também por conta da anemia falciforme que ele tem”, explica.
A estrada de chão batido é compartilhada com outros veículos, aumentando a preocupação com acidentes. Segundo as mães, uma medição oficial apontou que o percurso é de 1,9 km, abaixo dos 2 km necessários para garantir o direito ao transporte escolar. “As crianças chegam à escola cansadas, suadas, às vezes sujas de poeira”, lamenta uma das mães.
O direito à educação, garantido por lei, vem acompanhado de um desafio diário para essas famílias. “Eu fico cansada, minhas pernas doem”, diz uma das crianças. Outra relata: “Já fui pra escola chovendo. Cheguei lá tudo molhado.”
As mães fazem um apelo à Prefeitura de Vitória da Conquista, para que providencie transporte escolar, visando à segurança e ao bem-estar das crianças.
