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Conquista: Após morte de recém-nascido e denúncias sobre atendimento a gestantes, Ministério Público abre investigação sobre o Esaú Matos

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A morte do bebê João Henrique, após quase 40 horas de trabalho de parto no Hospital Esaú Matos, trouxe à tona uma série de denúncias relacionadas ao atendimento prestado às gestantes na maternidade pública de Vitória da Conquista. A família da jovem Caroline, mãe da criança, acusa o hospital de negligência médica e denuncia dificuldades até mesmo para acessar o prontuário do atendimento.

Caroline deu entrada na unidade no dia 21 de março, com 40 semanas de gestação, após ser encaminhada pelo posto de saúde do bairro João Melo. Segundo relato da própria mãe, foram quase dois dias tentando induzir o parto com medicação, mesmo diante da ausência de dilatação e do tamanho do bebê. A cesariana só foi realizada na tarde do sábado (23), quando a equipe médica constatou que não havia condições para um parto normal. O bebê nasceu com vida, mas não resistiu.

“Implorei por uma cesárea. Já não aguentava mais. Quando enfim resolveram fazer, foi tarde demais. Voltamos pra casa apenas com a touquinha dele e a pasta de exames”, contou Caroline, visivelmente abalada.

A advogada da família, Virna Beatriz, afirma que a Fundação Pública de Saúde, responsável pelo Esaú Matos, está dificultando o acesso ao prontuário médico. “O hospital vem se recusando, de forma abusiva e ilegal, a fornecer o prontuário, que é um direito garantido por lei. Alegam que teriam até 90 dias para entregar, o que é inaceitável. Já tomamos medidas judiciais para garantir esse acesso”, declarou.

Desde a divulgação do caso no programa Bahia Meio Dia, da TV Sudoeste, outras famílias procuraram a imprensa para denunciar situações semelhantes. Há relatos de bebês que nasceram em banheiros, de mães que enfrentaram longas horas de trabalho de parto induzido e de demora no atendimento.

A comoção em torno do caso mobilizou a Comissão de Direitos das Mulheres da Câmara Municipal de Vitória da Conquista, que se reuniu com representantes da Fundação para cobrar explicações. “A morte de João Henrique foi classificada como neonatal. Ele nasceu com vida, mas morreu pouco depois. Isso precisa ser apurado com seriedade. Procuramos imediatamente a Fundação para buscar esclarecimentos”, afirmou a vereadora Márcia Viviane.

Em resposta, a diretora da Fundação Pública de Saúde, Seres Almeida, declarou que o protocolo médico foi seguido corretamente. “Temos um protocolo científico para a indução do parto, e ele foi aplicado nesse caso. Além disso, uma investigação está em andamento desde a semana seguinte ao ocorrido. O comitê de investigação de óbitos e o Núcleo de Segurança do Paciente estão à frente das apurações, que devem ser concluídas até meados de maio”, disse.

Quanto à negativa de fornecimento do prontuário, Seres alegou desconhecimento. “Estou tomando conhecimento agora. Não há orientação para negar o prontuário, que deve ser fornecido de acordo com a legislação vigente, mediante solicitação formal”, afirmou.

A diretora também reconheceu a sobrecarga da unidade. “Temos superlotação todos os dias. A demanda é altíssima e os profissionais estão sobrecarregados. Trabalhamos com recursos limitados”, completou.

Enquanto aguardam respostas, os pais de João Henrique seguem em luto. “É um sofrimento que não passa. Não conseguimos dormir, não conseguimos esquecer. Queremos justiça e que nenhuma outra família passe por isso”, desabafou a mãe.

O caso está sendo investigado pelo Ministério Público da Bahia.


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