A moção de repúdio a DC Comics, em razão da orientação sexual do personagem Superman, apresentado nos quadrinhos como bissexual, de autoria do vereador Adinilson Pereira (MDB) está dando o que falar. Após militantes do movimento LGBTQIA+ e o Levante Popular da Juventude protestarem contra a moção na Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista, foi a vez do vereador Alexandre Xandó (PT) criticar a iniciativa do colega.
Em entrevista ao Blog, Xandó disse que em 1992 os primeiros super-heróis da Marvel eram declarados homossexuais, inclusive que o Homem de Gelo participou de um casamento gay em uma das histórias em quadrinhos. “Esse debate não é novo, as histórias em quadrinhos sempre foram ponta de lança. Quando pegamos a série X-Man, ela é essencialmente uma discussão sobre discriminação, apartheid, luta contra o racismo. Então é isso que está nas entrelinhas, mas as pessoas não percebem. É totalmente um absurdo chegar na Câmara de Vereadores e ver um vereador propor uma moção de repúdio para uma revista dos Estados Unidos. Isso não faz sentido algum”, rechaçou.
O vereador Xandó afirmou também que a inciativa do colega é um ato homofóbico. “No fundo é homofobia, é LGBTfobia. Algumas pessoas tem medo da população LGBT. Beijos gays em novelas e nas historinhas em quadrinhos não vão definir a sexualidade de alguém, jamais. Essa moção é um absurdo”, criticou.
O protesto do movimento LGBTQIA+ contra a moção na Câmara de Vereadores foi aplaudido pelo vereador Xandó. “Ato louvável. Estão de parabéns pela mobilização e nosso mandato segue firme ao lado da população LGBTQIA+ e vamos pra cima para derrubar essa moção de repúdio”, garantiu.
O nosso Blog quis saber também do vereador Xandó em relação a Câmara de Vitória da Conquista ser conservadora por ter vários vereadores pastores ou oriundos de igrejas evangélicas. O vereador Xandó disse que o problema não é ser oriundo de igreja evangélica. “Eu conheço várias pessoas fantásticas que fazem discussões avançadíssimas dentro das igrejas evangélicas. A questão é que dão justamente esses valores mais conservadores que buscam uma suposta tradição familiar e que tentam impor. Infelizmente é o momento que vivemos hoje no Brasil, onde o indizível voltou a ser dito, ou seja, expressões racistas, machistas, homofóbicas passam a ser ditas com naturalidade, o que não podemos aceitar”, finalizou.