A obra de revitalização e duplicação da Avenida Presidente Vargas, trecho de Vitória da Conquista, ainda nem começou, mas já está rendendo discussões. Apesar de trazer alegria, uma vez que a obra é uma reivindicação antiga da população, alguns moradores estão com medo e preocupados. A obra foi anunciada por Rui Costa (PT), ao lado da prefeita Sheila Lemos (DEM), na véspera do aniversário da cidade.
Essa situação de angústia e incertezas vem sendo vivenciada por moradores e comerciantes de um trecho da avenida, popularmente conhecida como “Estrada da Barra”, que moram e trabalham às margens da pista que será duplicada. Para que essa obra aconteça, essas pessoas deverão sair do local.
O problema é que essa parte da população de Vitória da Conquista não vem sendo ouvida pelo Governo Municipal. Em entrevista ao Blog do Sena, nesta terça-feira (16), o comerciante Sabiá, afirmou que cerca de 30 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, trabalham ou moram na localidade.
“Olha, essa moradia nossa, começa aqui no quebra-mola, que chama saída que vai para Barra do Choça e vai até lá no Carandiru. Aqui mora em média umas 30 pessoas, cada uma tem seu comércio particular. Tem microempreendedor, uns mexem com frutas, outros mexem com blocos, outros trabalham com madeiras, tem gente que mexe com carne de sol, outros tem bar, todo mundo trabalha e também tem famílias que moram aqui”, explicou o comerciante.
Apesar do anúncio da revitalização da estrada, a Prefeitura de Vitória da Conquista ainda não propôs o diálogo com os moradores da localidade, para debater como será realizada a desocupação. Eles temem perder tudo que construíram ao longo dos anos, já que alguns moram no local desde 1982. Segundo Sabiá, os moradores pedem para ser ouvidos.
“Isso aqui começou desde 82, tem gente que mora aqui desde 82. Então, veja só, ninguém está aqui fazendo nenhuma brincadeira. Ninguém! Nós estamos prontos para o diálogo, queremos ser recebidos para uma fala, para a gente ouvir também deles, dialogar, se for para recuar, vamos recuar. Mas, a gente quer dialogar. O que não a gente não pode é sair de mãos abanando”, disse Sabiá.
O comerciante também informou que os moradores e comerciantes sempre receberam notificações do Governo Municipal, mas ao apresentar os documentos de alvará, vigilância sanitária e de microempreendedor, os fiscais da Prefeitura não apareciam mais. Além disso, de acordo com os moradores, já houve tentativa da Prefeitura para desocupar a localidade.
Os moradores também informaram que os fiscais da Prefeitura voltaram a rondar a localidade. Eles temem que seja realizada uma ação de desocupação durante a madrugada, como aconteceu no feriado de São João deste ano, no assentamento Terra Nobre. Na ocasião, máquinas enviadas pela Prefeitura derrubaram barracos e várias pessoas ficaram sem moradia. A situação causou grande comoção na população e repercutiu em todo o Estado. Segundo Sabiá, todos os moradores já estão mobilizados, caso isso aconteça.
“ Nós estamos organizados. E o que a gente preocupa, é como já veio gente de madrugada, derrubou sem falar nada, e tem gente que mora aqui. De repente vem um trator aí e derruba com criança, com mulher, é complicado”, finalizou.
Um grupo de moradores esteve reunido com o vereador Dr. Andreson Ribeiro (PCdoB), para discutir a situação. Eles pedem a intermediação para uma reunião com a Prefeita Sheila Lemos ou um representante do Governo Municipal.