A Academia Brasileira de Cinema entregou o Prêmio Grande Otelo, na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, em uma cerimônia que reuniu os grandes nomes da 7ª arte, na última quarta-feira (28). A premiação contemplou 30 categorias entre curtas e longa-metragens.
A cineasta, egressa e professora do curso de Cinema da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Patrícia Moreira, conquistou um prêmio pelo curta de animação a Mulher Vestida de Sol. Patrícia esteve ao lado de outros cineastas, atrizes e atores de renome nacional, a exemplo de Ailton Graça, Vera Holtz e Arlete Sales.
Em entrevista exclusiva ao Blog do Sena, a cineasta revelou que o curto veio da ideia de fazer um trabalho com os alunos e, ao mesmo tempo, de tirar do papel um projeto que ela já tinha. “Inicialmente, ele surgiu porque eu sou professora do curso de cinema e eu queria fazer com os alunos, eu queria produzir um trabalho de ficção e animação que pudesse contribuir com a formação dos meninos e ao mesmo tempo tirar uma ideia da cabeça, uma coisa que eu queria fazer há muito tempo”, disse. No entanto, foi a perda de um aluno que a deu a ela o pontapé necessário para tirar o projeto do papel. “O projeto só tomou corpo por conta de um aluno também, William Azevedo, ele faleceu em 2022 e assim, aquilo foi muito impactante para mim, porque infelizmente ele tirou a vida naquela ocasião e eu fiquei pensando: ‘poxa, o que eu podia fazer?”, revelou.
O curta foi feito com um pequeno orçamento e com o auxílio voluntário de alguns dos envolvidos, como explica Patrícia. “Mulher Vestida de Sol parte de um projeto de extensão da universidade que eu fiz, juntar o PROEX [Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários]. Eu fiz uma proposta de formação e de produção do cinema animado dentro desse edital que foi disponibilizado por eles. A gente conseguiu um pequeno recurso para três alunos me auxiliarem no processo e aí eu chamei mais alguns outros para poderem participar de forma voluntária. Nós fizemos esse curta com apenas oito pessoas, e de uma forma muito rápida, nós produzimos ele em dois meses. Como eu falei, é um trabalho experimental, é um projeto que não tem a fluidez das animações convencionais e comerciais. Mas ele é uma expressão estética mesmo de uma obra plástica, de uma obra que tenta, a partir das cores, das personagens, mostrar a trajetória de uma mulher”.
O curta já foi exibido em outros países e como Inglaterra, França, Austrália e Estados Unidos. A expectativa é que a obra chega a ainda mais países. Com a premiação, a cineasta já estuda dar novos passos em outras vertentes, como live action e ter novas produções que alavanquem o cinema conquistense contemporâneo.
“O prêmio é um lugar lindo, é um ambiente onde a gente faz várias conexões. Eu falei com vários produtores, vários diretores do Brasil, conversei com vários atores também, porque eu também trabalho com live action. O ano que vem eu vou produzir o meu primeiro longa, então eu já aproveitei esse prêmio para poder fazer algumas pontes, e eu estou super, super feliz mesmo, e acho que agora é colher esses louros e a possibilidade de avançar no cinema de Vitória da Conquista, no cinema baiano, no cinema brasileiro, e quiçá chegar em outros lugares que a gente nem imagina. Então é isso, eu estou muito feliz e espero que, em breve, possamos ter outras oportunidades como essa”, disse a cineasta.