Por Lucas Nunes, advogado
O espírito olímpico é o sopro de esperança para a humanidade. Os jogos olímpicos nasceram marcando momentos de trégua de guerras ente Cidades- Estado gregas. Desse modo, as Olímpiadas se iniciaram como momentos de
esperança de paz.
Foi também nesse intuito, que o Barão de Coubertin, no final do século XIX propôs a retomada dos jogos e a criação de um comitê internacional. A competição esportiva, mais do que do que uma mera disputa, é a promoção de princípios e valores. A verdadeira vitória não se encontra simplesmente no melhor resultado. É indispensável que seja leal, honesta e justa. “Prometo participar desses Jogos Olímpicos, respeitando e acatando as regras dentro do espírito de jogo limpo, inclusão e igualdade. Juntos, somos responsáveis e nos comprometemos com o esporte sem dopping, sem trapaças, sem qualquer forma de discriminação. Fazemos isso para honra de nossas equipes, em respeito aos princípios fundamentais do olimpismo, para tornar o mundo um lugar melhor por meio do esporte.” (Juramento olímpico)
O Espírito olímpico é a esperança de transformação em um mundo melhor através do esporte. Não somos ingênuos ao ponto de fechar os olhos para os casos de dopagem de atletas, manipulação de resultados e discriminação no universo esportivo. Diversos casos foram escancarados nos últimos tempos. Mas esses são mínimos perto da grandeza da imensa maioria, que é ilibada, honrada e correta. A repulsa a tais condutas antidesportivas é muito mais severa no olimpismo. O importante não é apenas competir. Sem dúvidas, o importante também não é levar vantagem em tudo, como dizia a lei de Gerson. É preciso saber competir.
O Espírito Olímpico é a representação dos valores que queremos ver no mundo. A conquista, por esforço e dedicação, sem trapaças, sem privilégios. Não queremos ver um surfista, por sua fama e cartaz, ter o privilégio de levar sua esposa, quando a regra é não levar acompanhante. Queremos um canoísta que, sem nenhuma regalia, conquiste o ouro pelo seu esforço e dedicação. Não queremos ver um surfista que não se vacine e diga que não teve tempo. Queremos ver uma ginasta que passou por três cirurgias, teve tempo para se vacinar, conquistar um ouro e uma prata. Não queremos ver um surfista que não saber perder, queremos ver uma nadadora que ficou em décimo primeiro lugar na olimpíada anterior e conquistou o ouro na maratona aquática nesses jogos. É óbvio que todos buscam e devem buscar a vitória. O esporte, sobretudo em altíssimo nível, exige disciplina, dedicação, renúncia e persistência, mas o espírito olímpico nos ensina a olhar além do pódio.
Quem pode dizer que a ginasta Simone Biles, que revelou seu drama psicológico, renunciou a disputar diversas finais, participou de apenas uma, ficando em terceiro lugar, mas estava todos os dias no ginásio para torcer por
suas companheiras e adversárias não é grande vitoriosa? A entrevista da ginasta Rebeca Andrade, ao ficar em quinto lugar no solo da ginastica artística, comemorando a vitória de sua adversária que no dia anterior havia caído, foi tão linda quanto sua medalha de ouro. Como não lembrarmos das olímpiadas de 1992, quando o britânico Derek
Redmond, liderando a final dos 400 metros rasos no atletismo, faltando 150 metros para o fim, rompeu o tendão de aquiles e caiu ao chão. Sustentado por seu pai e por um assistente, Derek se levantou e, mancando, concluiu a prova,
em último lugar. Uma vitória retumbante. A pureza da skatista Rayssa Leal, com apenas 13 anos, mas com a empatia do tamanho do mundo, vibrando com cada manobra que suas adversárias acertavam é a esperança de um mundo melhor.
Em um momento que o mundo está marcado pela beligerância, corrupção, discursos de ódio, e trapaças, que o jogos sejam o renascimento do espírito olímpico nos nossos corações, para transformação da sociedade com
princípios e valores éticos..