Dra. Vera Lúcia foi nomeada pelo presidente Lula em 2024 como ministra do Tribunal Superior Eleitoral. É a segunda mulher negra a integrar a Corte Eleitoral. A nomeação foi celebrada em todo o Brasil por aqueles que cultivam valores democráticos, e em Vitória da Conquista a repercussão foi ainda mais expressiva. A ministra é filha da professora Rosália Celestina Araújo, figura muito querida na cidade. À época da nomeação, em entrevistas, a ministra destacou que sua chegada ao TSE também representava uma vitória para sua família e para a região Sudoeste, ressaltando o orgulho de ter uma mãe com o título de cidadã conquistense.
Na última terça (20), a ministra Cármen Lúcia denunciou com indignação que a Dra. Vera Lúcia Araújo foi vítima de racismo ao ser impedida de entrar no local onde palestraria em um evento promovido pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República, realizado na última sexta (16). O acesso foi negado mesmo após a ministra apresentar sua identificação funcional. Os responsáveis pelo controle de entrada se recusaram a conferir o documento apresentado.
Em entrevista sobre o caso, a ministra Vera reafirmou o que já havia declarado em diversos momentos à imprensa, desde sua posse: a importância de pessoas negras ocuparem espaços de poder, inclusive no Judiciário. O advogado-geral da União, Jorge Messias, solicitou que a Polícia Federal abra inquérito para apurar o episódio.
Manifesto aqui minha solidariedade à Dra. Vera Lúcia e à professora Rosália Araújo, e espero que o silêncio seja rompido. Que as vozes locais que celebraram a chegada da ministra com raízes conquistenses ao TSE se levantem agora para repudiar o episódio e cobrar investigação.
Por Luciana Silva
Advogada e professora do curso de Direito da UESB